Prédio do Congresso norte-americano: um calote da primeira economia do planeta teria consequências potencialmente catastróficas para a economia mundial (AFP/MLADEN ANTONOV)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2013 às 07h13.
Washington - O Senado dos Estados Unidos retomou na noite desta terça-feira as negociações sobre a elevação do limite da dívida, após a Câmara de Representantes decidir adiar a votação sobre a questão, que ameaça levar o país ao 'default'.
"O senador Reid e o senador McConnell retomaram as negociações e estão otimistas sobre a possibilidade de se chegar a um acordo em breve", declarou Adam Jentleson, porta-voz do líder da maioria democrata, Harry Reid, em referência ao líder da minoria republicana, Mitch McConnell.
Segundo o senador democrata Richard Durbin, citado pelo jornal The Washington Post, os líderes dos dois partidos entrarão pela madrugada para acertar os detalhes de um acordo.
Durbin acredita que o texto final deve obter uma ampla margem de apoio entre os senadores de ambos os partidos.
Os republicanos da Câmara de Representantes haviam anunciado, pouco antes, sua decisão de não submeter o projeto - que também busca modificar a lei da saúde adotada pelo governo do presidente Barack Obama - a votação na noite desta terça-feira, após não obter apoio suficiente do Tea Party, a ala mais conservadora do partido.
"Não haverá votação até amanhã", disse à imprensa o líder da maioria republicana na Câmara, Eric Cantor, depois de uma reunião com as lideranças conservadoras.
Os republicanos haviam programado inicialmente para a noite desta terça a votação com a qual pretendiam acabar com a paralisia do estado federal e aumentar o limite legal de endividamento do governo, algo fundamental para se evitar o risco de 'default'.
Um calote da primeira economia do planeta teria consequências potencialmente catastróficas para a economia mundial.
A Casa Branca rejeitou na manhã desta terça um plano dos representantes republicanos com condições para se elevar o teto da dívida, e acusou a oposição de pedir um resgate em troca de uma lei.
À tarde, os republicanos anunciaram a votação de um projeto modificado, mas a falta de apoio da ala conservadora do partido os fez suspender os preparativos para essa votação.
No dia 17 de outubro, o Tesouro deixará de aplicar "medidas extraordinárias" que permitem o país funcionar acima de seu limite legal de endividamento por meses. Daí em diante, os Estados Unidos poderão entrar em 'default'.
Nervosismo aumenta
A agência de classificação de risco de crédito Fitch anunciou nesta terça que avalia reduzir a nota da dívida dos EUA do máximo de AAA.
A Fitch atribuiu perspectiva negativa à nota AAA da dívida soberana de longo prazo dos EUA, citando a possibilidade de o Tesouro entrar em 'default' se o teto da dívida não for elevado.
"O secretário do Tesouro (Jacob Lew) disse que as medidas extraordinárias (que permitem o governo federal funcionar após superar seu limite de endividamento) terminarão no dia 17 de outubro" e os fundos que ficarão em caixa serão de apenas 30 bilhões de dólares, destacou a Fitch.
"Apesar de a Fitch continuar acreditando que o teto da dívida será aumentado em breve", o bloqueio político "e uma flexibilidade financeira reduzida pode aumentar o risco de um 'default' dos Estados Unidos", concluiu.
A posição da Casa Branca
"O presidente (Barack Obama) disse que os membros do Congresso não devem pedir resgate para assumir suas responsabilidades fundamentais de aprovar um orçamento e pagar as dívidas do país", explicou a porta-voz da presidência Amy Brundage.
A presidência acusou os dirigentes republicanos que controlam a Câmara de elaborar esta proposta "para satisfazer um pequeno número de republicanos do (ultraconservador) Tea Party, os mesmos que determinaram a paralisia do Estado" com fechamento de serviços públicos desde o dia 1º de outubro.
"Os democratas e os republicanos do Senado trabalham para colocar fim, de boa fé (...) às crises artificiais que prejudicam os americanos", assinalou.
Os EUA superaram em maio seu limite legal de endividamento, de 16,7 trilhões de dólares, e o Estado federal funciona com base em "medidas extraordinárias" do Tesouro.
Alguns países, como China e Japão, entre os principais credores americanos, manifestaram sua preocupação com esta situação, já que os títulos do Tesouro são considerados como o investimento mais seguro no mundo.