Frio pode chegar a -16ºC (Cecilia Blomdahl/Divulgação)
Karina Souza
Publicado em 28 de março de 2021 às 11h29.
Em tempos de recorde de mortes por covid-19, imaginar um lugar em que o coronavírus não chegou parece até ilusão. Mas, de fato, esse lugar existe. É o arquipélago de Svalbard, que tem menos de 3 mil habitantes (são 2.884 habitantes, segundo os dados oficiais), o lugar mais próximo do Polo Norte.
O território pertence à Noruega e recebe milhares de visitantes por ano -- em 2019, pelo menos 77 mil turistas visitaram o local, número que caiu para 25 mil no último ano, de acordo com a Visit Svalbard, agência oficial de turismo local. O clima é (como se pode imaginar) bastante gelado: as temperaturas variam de -16ºC a 4ºC. Entre novembro e janeiro não há "dia", com o período mais intenso de escuridão.
Viver em temperaturas tão baixas (mesmo em comparação a outros países da Europa) é um desafio e tanto. Mas, não deixa de motivar pessoas a se mudarem para Svalbard. Esse foi o caso de Cecilia Blomdahl, fotógrafa norueguesa, que se apaixonou pelo local e se mudou para lá em 2019.
Diariamente, ela compartilha um pouco de sua rotina nas redes sociais, especialmente no TikTok e Instagram (por meio da conta @sejsejlija). Lá, conta um pouco de sua rotina -- entre as curiosidades, está o fato de não ter chuveiro dentro de casa, tendo que ir até a academia de ginástica para realizar essa atividade. Do lado profissional, ela compartilha o trajeto de ida até à loja de roupas em que trabalha, além de fotos locais.
A mudança, a princípio, não foi planejada. Após o término de um relacionamento amoroso, ela foi até o local com amigos para passar férias -- e não saiu mais de lá.
"Sem dúvida, a coisa mais estranha para mim no começo era ter que fazer uma caminhada levando uma arma comigo, por causa do alto risco de encontrar ursos pelo caminho. Hoje lido melhor com a situação, mas tomei um susto no início", afirma Blomdahl.
Depois de superar a possibilidade de encontrar ursos pelo caminho, a pandemia (poderia) se apresentar como uma nova fonte de preocupação local para os habitantes. Mas, graças às medidas de restrição tomadas desde o início da pandemia, o arquipélago conseguiu passar ileso por esse desafio. Ainda assim, o impacto financeiro gerado pelas restrições foi real.
Em março do ano passado, a ilha foi fechada para visitantes (era necessário fazer uma quarentena de 10 dias para visitar Svalbard) o que resultou em falta de turistas por pelo menos três meses. A visita foi aberta em junho novamente.
"É claro que nós esperamos que 2021 seja melhor do que 2020, mas, como já percebemos durante a pandemia, o cenário ainda é bastante imprevisível", afirma Anja Nordvalen, coordenadora da Visit Svalbard, agência local de Turismo.
De acordo com a agência, os principais turistas, em ordem, vêm dos países: Noruega, Dinamarca, Alemanha, Grã Bretanha e Suécia. Somados, esses grupos somaram 57.439 visitantes em 2020 -- ante 118.452 no ano anterior.
Para chegar até Svalbard, é necessário, primeiro, pegar um voo até o aeroporto de Oslo (ou de Tromso), ambos na Noruega. Para ter uma ideia, o trajeto de São Paulo a um desses aeroportos dura de 16 a horas -- os preços variam de R$ 7,5 mil a R$ 17,7 mil, ida e volta.
Dali até o arquipélago, de avião, são mais quatro horas de viagem. Companhias como a Norwegian e a SAS fazem esse trajeto. O período de pico é entre março e agosto -- em que a oferta de voos aumenta consideravelmente.
As opções de acomodação são variadas: desde hotéis (como o Radisson Blu Polar Hotel e o Basecamp Hotel) até mesmo apartamentos e camping. Esta última opção é recomendada principalmente para quem deseja "uma experiência fora do comum", segundo a Visit Svalbard.
Quanto ao que fazer por lá, depende da estação. É possível ver a Aurora Boreal com frequência e -- em um contexto sem pandemia -- há atividades como o Polarjazz festival (em fevereiro), a maratona de Ski (em abril), o festival de literatura de Longyearbyen e o festival da Cerveja (em setembro), entre outros. "Nós recomendamos que as pessoas que desejam vir até aqui passem pelo menos quatro ou cinco dias no local", afirma a Visit Svalbard. É possível checar todas as opções aqui.