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Sem candidato favorito, começa amanhã a escolha do novo papa

Sobre quanto tempo durará o conclave, nenhum cardeal se atreve a responder, embora uma grande maioria acredite que ele seja breve


	Vista geral do interior da residência Santa Marta, onde cardeais ficarão hospedados durante conclave: para ser eleito papa é necessário obter dois terços dos votos dos cardeais eleitores em todas as votações
 (Osservatore Romano, via Reuters)

Vista geral do interior da residência Santa Marta, onde cardeais ficarão hospedados durante conclave: para ser eleito papa é necessário obter dois terços dos votos dos cardeais eleitores em todas as votações (Osservatore Romano, via Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2013 às 15h19.

Cidade do Vaticano - A partir de amanhã, 115 cardeais procedentes de 50 países se reunirão a portas fechadas para escolher o 266º papa da história da Igreja, no segundo conclave do terceiro milênio, que começa sem um candidato favorito e em meio a uma divisão dos eleitores.

Os cardeais entrarão na Capela Sistina, local da eleição e à qual João Paulo II chamou de "santuário da teologia do corpo humano", às 16h30 locais (12h30 de Brasília). Após as litanias e o canto do "Veni Creator Spiritus", com o qual invocarão a ajuda do Espírito Santo, eles procederão ao juramento pelo qual se comprometerão a manter o sigilo de tudo o que se diga ou faça, e a defender fervorosamente os direitos espirituais e temporários da Igreja em caso de eleição.

Depois, o mestre de cerimônias pontifícias, Guido Marini, pronunciará a frase "extra omnes", e todos os alheios ao conclave sairão da capela.

Antes de começar a votação está prevista uma meditação por parte do cardeal maltês Prosper Grech sobre os problemas da Igreja e a escolha do papa. Depois começará a fase de votação, embora não seja obrigatória nesse primeiro dia de conclave.

No entanto, segundo o esquema divulgado pelo Vaticano, amanhã ocorrerá a primeira votação e a primeira "fumaça", que anuncia ao mundo se há ou não um novo papa. Se houver pontífice, ela será branca, e caso contrário, preta.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse nesta segunda que o que se espera, como é normal nessa primeira votação, é que saia "fumaça preta". Se assim acontecer, para a quarta-feira haverá duas votações de manhã e outras duas à tarde.

Para ser eleito papa é necessário obter dois terços dos votos dos cardeais eleitores em todas as votações. Como o total é de 115, será preciso receber 77 votos.

Bento XVI foi eleito em 19 de março de 2005 na quarta votação; João Paulo II, no dia 16 de outubro de 1978, na oitava, e João Paulo I, em 26 de agosto de 1978, na quarta.


Sobre quanto tempo durará o conclave, nenhum cardeal se atreve a responder, embora uma grande maioria acredite que ele seja breve.

Lombardi ressaltou que os últimos conclaves duraram dois, três ou quatro dias, ou seja, foram curtos. Um conclave que durou muito mais dias poria em evidência - ressaltou - "uma situação bloqueada, uma falta de consenso, embora não haja motivos para pensar que se possa chegar a essa situação".

O conclave acontecerá sem que haja um candidato forte, embora todos os olhares estejam voltados a cardeais de igrejas dinâmicas e jovens, como a africana e a latino-americana e são muitos os que acreditam que o futuro papa não será italiano, devido ao empecilho causado pelo escândalo "Vatileaks".

Segundo os observadores vaticanos, há uma forte fragmentação no Colégio Cardinalício, e inclusive grupos fortes, como tradicionalmente é o italiano, estão divididos.

Nos dias prévios, os "papáveis" considerados favoritos são o italiano Angelo Scola, de 71 anos, arcebispo de Milão; o brasileiro Odilo Pedro Scherer, de 63 anos, arcebispo de São Paulo; o canadense Marc Ouellet, de 69 anos, e o arcebispo de Boston, Sean O"Malley.

Na terça-feira de manhã, antes da entrada na Capela Sistina, os cardeais celebrarão às 10h locais (6h de Brasília), na Basílica de São Pedro, a missa votiva "Pro eligendo Pontifice".

A missa será oficiada pelo cardeal decano, Angelo Sodano, que por ter 85 anos, não poderá entrar na capela e também não poderá perguntar ao eleito se aceita ser papa. Também não poderá fazê-lo o vice-decano, o cardeal francês Roger Etchegary, que também é octogenário. O próximo a ter a vez é o cardeal Giovanni Battista Re, que é eleitor.


Durante o conclave, os cardeais se hospedarão na Residência Santa Marta, dentro do Vaticano, da qual serão levados todos os dias de ônibus até a Capela Sistina. A distância é de um quilômetro, e aqueles que o desejarem poderão fazê-lo a pé.

O Vaticano garantirá que durante o conclave eles ficarão isolados, e para isso não será permitido a ninguém que se aproxime das áreas por onde ele vão passar, entre elas os acessos ao pátio de São Damásio, que leva à Capela Sistina.

Na Capela Sistina, tudo já está preparado: as 12 mesas nas quais se sentarão os 115 cardeais, a mesa onde serão recolhidas as cédulas, o atril com o Evangelho onde os cardeais jurarão e a chaminé da qual sairão as "fumaças".

Para garantir o sigilo, especialistas da Gendarmaria Vaticana implementaram fortes medidas de controle para que na capela não sejam instalados meios de gravação audiovisuais e transmissão exterior.

Pouco antes do conclave será feita uma "varredura eletrônica" para garantir a impossibilidade de comunicação dos cardeais com o exterior.

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