Estados Unidos e Irã: países trocam ameaças e têm relação de tensão depois de ataque americano que matou general iraniano (Carlos Barria/Reuters)
AFP
Publicado em 3 de janeiro de 2020 às 17h52.
Seguem abaixo as principais datas das relações entre Estados Unidos e Iraque desde a invasão e a queda do regime de Saddam Hussein, em 2003, até o ataque mortal desta sexta-feira (3) contra o general iraniano Qasem Soleimani em Bagdá.
Uma coalizão liderada pelos Estados Unidos invade o Iraque em 20 de março de 2003 para destruir supostas armas de destruição em massa.
Em 9 de abril, os americanos entram em Bagdá, onde um de seus blindados, ajudado por uma centena de iraquianos, derruba a estátua de Saddam Hussein. A cena simboliza a queda da capital e do regime, embora os combates tenham continuado.
Em 1º de maio, o presidente George W. Bush declara o fim dos combates principais, mas a guerra contra o terrorismo continua.
Em 16 de maio, o americano Paul Bremer, nomeado administrador civil, proíbe que os responsáveis pelo partido Baath tenham acesso aos cargos públicos e anuncia a dissolução dos órgãos de segurança.
Em 2 de outubro, o relatório americano do Grupo de Inspeção reconhece que não foram encontradas armas de destruição em massa. Em 13 de dezembro, Saddam Hussein é preso perto de Tikrit, ao norte de Bagdá. Ele é enforcado no fim de 2006.
Em junho de 2004, a coalizão transfere o poder ao governo interino. A Autoridade Provisória da Coalizão (CPA) é dissolvida e Paul Bremer deixa o país.
As primeiras eleições multipartidárias em mais de 50 anos são celebradas em 30 de janeiro de 2005, boicotadas pelos sunitas. Os xiitas, que representam dois terços da população, alcançam a maioria absoluta no Parlamento diante dos curdos.
Em abril, o curdo Jalal Talabani é eleito presidente pelo Parlamento, e o xiita Ibrahim Al Jaafari é nomeado primeiro-ministro.
Em outubro, uma nova Constituição institui o federalismo e legaliza a autonomia do Curdistão, efetiva no terreno desde 1991. Em dezembro, a Aliança Unifica Iraquiana (xiita) vence as legislativas, sem maioria absoluta.
- Conflito confessional e saída de soldados dos EUA -
Em 22 de fevereiro de 2006, a explosão em um mausoléu xiita em Samarra, ao norte de Bagdá, desata um conflito sangrento entre sunitas e xiitas que deixará dezenas de milhares de mortos até 2008.
Em abril, o curdo Jalal Talabani, reeleito presidente, encarrega o xiita Nuri Al Maliki de formar um governo.
Em 14 de agosto de 2007, mais de 400 pessoas morrem em atentados contra a minoria iazidi, os mais letais em quatro anos, no norte do país.
Os últimos soldados americanos abandonam o Iraque em dezembro de 2011, dando fim a quase nove anos de ocupação e deixando o país mergulhado em uma grave crise política.
Entre 2003 e 2011, mais de 100 mil civis perderam a vida, segundo a organização Iraq Body Count. Os Estados Unidos registram cerca de 4.500 mortos, e o Reino Unido, 179.
Em janeiro de 2014, extremistas do grupo Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL) e membros de tribos hostis ao governo tomam o controle de Fallujah e de bairros de Ramadi, na província de Al Anbar.
No começo de junho, centenas de insurgentes sunitas do EIIL tomam Mossul. Em 29 de junho, a organização proclama um "califado" e passa a se chamar Estado Islâmico (EI).
Haider Al Abadi forma um novo governo para substituir o questionado Al Maliki, acusado de autoritarismo e sectarismo. O EI controla, então, um terço do Iraque.
Com a ajuda de uma coalizão internacional dirigida por Washington, as forças iraquianas lançam uma contra-ofensiva e expulsam o EI de todos os centros urbanos. As autoridades proclamam a vitória contra esta organização terrorista em dezembro de 2017.
O Irã, que apoia o grupo paramilitar iraquiano Hashd al Shaabi - crucial na luta contra o EI -, se torna um influente aliado e parceiro comercial mais importante de Bagdá.
Em 1º de outubro de 2019, emerge um movimento de protesto contra a corrupção, o desemprego e a escassez de serviços públicos, assim como contra o governo e a influência iraniana.
A partir desse momento, são registrados pelo menos 12 ataques contra bases militares iraquianas onde estão militares americanos.
Ao todo, são 5.200 soldados dos Estados Unidos presentes atualmente em território iraquiano, como parte da coalizão anti-extremista.
No fim de dezembro, um ataque com foguete matou um trabalhador terceirizado americano.
Em resposta, os Estados Unidos fizeram bombardeios contra as bases das brigadas do Hezbollah - uma das facções mais agressivas do Hashd al Shaabi - nos quais morrem 25 combatentes iraquianos.
Em 31 de dezembro, milhares de simpatizantes dos paramilitares iraquianos pró-Irã rondam e atacam a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, antes de serem repelidos. No dia seguinte, tropas de elite iraquianas vão para a área para garantir a segurança da embaixada.
Em 3 de janeiro, o presidente americano Donald Trump ordena um ataque ao aeroporto internacional de Bagdá no qual morrem o poderoso general iraniano Qasem Soleimani e o número dois de Hashd al Shaab, Abu Mahdi Al Muhandis.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, se compromete a vingar a morte de Soleimani.