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Segurança é promessa de Obama e Romney para América Latina

Com promessas semelhantes para a região por parte dos dois candidatos, é difícil que o resultado das eleições revolucione a relação entre os EUA e o continente vizinho


	Barack Obama e Mitt Romney: os candidatos deixaram em segundo plano outros assuntos mais incômodos, como o antagonismo com Cuba e Venezuela
 (Mike Segar/Reuters)

Barack Obama e Mitt Romney: os candidatos deixaram em segundo plano outros assuntos mais incômodos, como o antagonismo com Cuba e Venezuela (Mike Segar/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 2 de novembro de 2012 às 20h50.

Washington - Os candidatos à Casa Branca, o democrata Barack Obama e o republicano Mitt Romney, propõem planos marcadamente diferentes sobre a América Latina, mas em suas campanhas insistem nas mesmas promessas: comércio e segurança.

Tanto se Obama for reeleito como se Romney vencer, é difícil que o pleito do dia 6 de novembro revolucione a relação dos Estados Unidos com a América Latina, uma região relegada a um segundo plano nos últimos anos perante outras prioridades na política externa daquele país.

Pouco a pouco, no entanto, os laços com o continente ganharam importância em uma disputada campanha eleitoral na qual os candidatos quiseram ressaltar o comércio com a região como uma prioridade e deixar em segundo plano outros assuntos mais incômodos, como o antagonismo com Cuba e Venezuela.

"Vou expandir o comércio com a América Latina", prometeu Romney durante o segundo debate presidencial, ao ressaltar o grande crescimento econômico regional e seu desejo de "criar mais tratados de livre-comércio".

Sob um governo de Romney, essa promessa se concretizaria em sua anunciada Campanha para a Oportunidade Econômica na América Latina (Ceola, em inglês), que tentará conectar os tratados comerciais no continente, segundo explicou à Agência Efe o ex-secretário de Comércio republicano, Carlos Gutiérrez.

"Se um país tem um tratado de livre-comércio com os EUA e os EUA o tem com o Chile, o primeiro país também poderia ter um com o Chile", apontou Gutiérrez, que assessorou Romney durante a campanha e promete que o republicano nomeará um enviado especial para a América Latina.


Essa estrutura, que poderia integrar uma dúzia de países do continente americano, seria integrada eventualmente em uma plataforma comercial mundial que daria prioridade à Ásia, em um modelo similar ao do Acordo de Associação Transpacífico (TPP) impulsionado por Obama.

Três dos 11 países-membros do TPP são latino-americanos - Chile, Peru e México -, o que, segundo a atual responsável de Washington para a América Latina, Roberta Jacobson, representa uma "sólida presença" do continente nesse acordo prioritário.

Em um segundo mandato, Obama apostará em "uma nova e emocionante agenda comercial com os países do hemisfério", garantiu Roberta a jornalistas em meados de outubro.

Porém, como lembrou à Agência Efe o diretor do centro de estudos Diálogo Interamericano, Michael Shifter, "só se pode imaginar uma política mais comprometida com a América Latina se houver uma recuperação forte da economia nos EUA".

A segurança no México e na América Central será, necessariamente, outra das prioridades do próximo presidente americano.

Se este for Obama, a ênfase estará na ideia de "responsabilidade compartilhada" em torno do narcotráfico e em "cristalizar alguns programas" que não amadureceram totalmente no primeiro mandato, segundo Roberta.

Já Romney se centraria mais que seu antecessor "na interdição e menos em fortalecer as instituições dos países", disse à Efe Geoff Thale, do Escritório de Washington para a América Latina (Wola).

Em seu site oficial, o republicano se compromete a completar o muro iniciado em 2006 na fronteira com o México para "protegê-la de imigrantes ilegais e redes do crime transnacional".


Uma Casa Branca capitaneada por Romney seria também mais "forte e agressiva" com Cuba e Venezuela, países que Obama continuaria tratando com cautela, concordam Thale e Shifter.

Quanto a Cuba, é improvável que Romney restrinja as viagens de acadêmicos e parentes facilitados por Obama, segundo Gutiérrez, que acredita, no entanto, que o republicano não permitirá que continue "uma política de remessas sem limites, que ajuda os irmãos Castro a manter-se no poder".

As críticas do recém reeleito Hugo Chávez na Venezuela seguirão recebendo o silêncio de Obama, de acordo com Shifter, enquanto Gutiérrez antecipa que Romney "não vai ignorá-los e também não vai duvidar em impor restrições comerciais a Caracas", mesmo levando em conta a grande quantidade de petróleo que os EUA importam do país.

Precisamente, Venezuela e Cuba foram os únicos países da América Latina aludidos no último debate entre Obama e Romney, quando o republicano criticou a predisposição do líder democrata a dialogar com "as piores personalidades do mundo", entre as quais citou Chávez e o ex-presidente e líder da revolução cubana, Fidel Castro.

Vença quem vencer, o futuro presidente deve enfrentar um desafio esquecido nas últimas administrações: criar uma nova relação com países latino-americanos cada vez "mais independentes" e que buscam um diálogo entre iguais que seu vizinho do norte ainda tem dificuldades para entender, concluiu Shifter. 

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