Os documentos mostram que os EUA temem a ampliação da força de Hugo Chávez na região (Michael Nagle/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2011 às 15h31.
Buenos Aires - Os Estados Unidos consideram o Mercosul como "antiamericano" e rejeitam a entrada da Venezuela como membro pleno do bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, segundo um documento da diplomacia americana divulgado pelo Wikileaks e publicado nesta segunda-feira pela imprensa de Buenos Aires.
O Mercosul, que em 26 de março completará 20 anos, "gradualmente foi se transformando de uma união aduaneira imperfeita em uma organização mais restritiva e antiamericana", diz o documento.
Os diplomatas consideraram, além disso, que a entrada da Venezuela como membro pleno do Mercosul significaria "claramente" uma alteração no "balanço e na dinâmica" do bloco.
O documento, cujo conteúdo foi publicado pelo jornal "Página/12" de Buenos Aires, foi remitido à Secretaria de Estado americana como resumo de uma conferência diplomática denominada "Uma perspectiva do Cone Sul sobre a influência do presidente venezuelano, Hugo Chávez".
Em um de seus parágrafos, os diplomatas americanos opinaram que "a campanha de Chávez para expandir sua influência no Cone Sul é multifacetada e depende em grande medida, mas não totalmente, de uma generosa participação energética e de acordos de investimento".
Sustenta que "poucos países provaram ser capazes de resistir a tentação da ajuda venezuelana e de seus pacotes de investimento", mas destaca que embora "a influência de Chávez na região tenha se expandido significativamente, os líderes regionais suspeitam de seus motivos e objetivos".
O ingresso da Venezuela como membro permanente do Mercosul, aceito pelos membros do bloco no início de 2006, permanece bloqueado pela relutância do Parlamento do Paraguai a aprová-lo, como já fizeram Argentina, Brasil e Uruguai.
"Os Estados Unidos não podem esperar que os líderes da região atuem em nossa defesa", dizem os embaixadores no documento, que faz parte de cerca de duas mil mensagens secretas da diplomacia americana sobre a Argentina que foram entregues ao "Página/12" pela organização Wikileaks.