Mundo

Secretário-geral da ONU conversa com Maduro e expressa 'preocupação' sobre crise na Venezuela

Gabinete de António Guterres diz que chefe da organização também discutiu papel do ditador frente às denúncias de violência e necessidade de resolução 'pacífica'

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 20 de setembro de 2024 às 16h53.

Tudo sobreVenezuela
Saiba mais

O secretário-geral da ONU, António Guterres, conversou nesta sexta-feira com o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, e manifestou a sua "preocupação" com a situação no país, anunciou o seu gabinete. A Venezuela enfrenta uma crise pós-eleições, que culminou no recrudescimento da repressão contra opositores, que contestam a vitória de Maduro e acusam fraude, e na saída do país e pedido de asilo à Espanha pelo ex-candidato e principal rival do chavista nas urnas, Edmundo González.

Segundo um comunicado do Gabinete do porta-voz, Guterres "expressou preocupação com as denúncias de violência pós-eleitoral e violações dos direitos humanos [e] enfatizou a necessidade de resolver qualquer disputa política de forma pacífica, por meio de um diálogo genuíno e inclusivo". Após a proclamação de Maduro vencedor, protestos eclodiram no país e deixaram 27 pessoas mortas, 192 feridas e cerca de 2.400 pessoas detidas, de acordo com fontes oficiais. O secretário-geral também discutiu as posições do presidente venezuelano sobre a situação, indicou.

No mesmo dia, sete países — Argentina, Canadá, Chile, Equador, Guatemala, Paraguai e Uruguai — pediram em um Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, uma investigação sobre as "graves violações" na Venezuela que poderiam constituir crimes contra a humanidade, uma "verificação imparcial dos resultados das eleições" e "a libertação imediata das pessoas detidas arbitrariamente".

Maduro foi proclamado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) pelo terceiro mandato consecutivo de seis anos (2025-2031), posteriormente validado pelo Tribunal Supremo de Justiça, mesmo sem apresentar as atas de votação que comprovariam a sua vitória — ambos são acusados de servirem ao governo. Nesse âmbito, o pedido, apresentado pelo Ministério das Relações Exteriores do Equador em nome dos outros seis países, também criticou "a falta de independência" desses órgão, dizendo que suas ações "agravaram a situação dos direitos humanos no país".

Um relatório da Missão Independente de Apuração de Fatos sobre a Venezuela, criada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em setembro de 2019, examinou a situação no país entre 1º de setembro de 2023 e 31 de agosto de 2024 com centenas de entrevistas e documentos, e fez um relato das violações de direitos humanos — incluindo crimes contra a humanidade — que considera parte de um "plano coordenado" para "silenciar" a oposição. "Esses não são atos isolados ou aleatórios", ressalta o texto, observando que a "brutalidade da repressão" gerou um "clima de medo generalizado".

A oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado, denunciou a existência de fraude e publicou em um site cópias de 80% das atas eleitorais a que alegam terem tido acesso e, segundo afirmam, comprovam a vitória de González. Maduro afirma que as atas da oposição são "forjadas". O Centro Carter, um dos poucos observadores internacionais que participaram do processo eleitoral no país, afirmou que as atas eleitorais coletadas pela oposição são "consistentes" e que González venceu de maneira clara e "por uma margem intransponível".

Depois de passar cerca de um mês na clandestinidade, alojado na Embaixada da Holanda em Caracas, González, que tinha um mandado de prisão pendente, exilou-se em 8 de setembro na Espanha. Segundo as autoridades espanholas, partiu do ex-diplomata o pedido para asilo, embora fontes afirmem que a saída vinha sendo organizada há duas semanas, com as negociações contando com a participação do ex-presidente espanhol José Luiz Rodríguez Zapatero e importantes autoridades venezuelanas, como o presidente da Assembleia Nacional do país, Jorge Rodríguez, e a vice-presidente Delcy Rodríguez.

O candidato da oposição afirmou na quarta-feira ter assinado sob "coerção" do governo venezuelano um documento para "acatar" a contestada reeleição de Maduro, em troca de permitir que saísse do seu país. O chavista afirmou em que o rival "pediu clemência" para poder deixar a Venezuela.

Acompanhe tudo sobre:ONUVenezuelaNicolás Maduro

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru