Mundo

Secretário de Defesa dos EUA descarta volta da Ucrânia às fronteiras de 2014

Pete Hegseth não vê país liderado por Volodymyr Zelensky voltando a ter as mesmas fronteiras que possuia antes da Rússia ocupar territórios

EFE
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 12 de fevereiro de 2025 às 11h30.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2025 às 14h30.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, disse nesta quarta-feira, 12, que é "pouco realista" que a Ucrânia retorne às suas fronteiras anteriores a 2014, quando a Rússia começou a ocupar seus territórios, ou que se junte à Otan como resultado de um acordo de paz.

“Queremos, como vocês, uma Ucrânia soberana e próspera, mas devemos começar reconhecendo que retornar às fronteiras da Ucrânia anteriores a 2014 é uma meta pouco realista. Perseguir esse objetivo ilusório só prolongará a guerra e causará mais sofrimento", disse Hegseth no início de uma reunião do grupo de cerca de 50 países que apoiam Kiev.

Hegseth tomou a palavra no início da reunião, que foi presidida pela primeira vez pelo Reino Unido e não por seu país.

Em seguida, enfatizou que “uma paz duradoura para a Ucrânia deve incluir sólidas garantias de segurança para garantir que a guerra não comece novamente”.

“Isto não deveria ser Minsk 3.0", afirmou, referindo-se aos acordos de Minsk, que buscavam pôr fim ao conflito entre Ucrânia e Rússia, iniciado em 2014.

Além disso, ressaltou que “os Estados Unidos não acreditam que a adesão da Ucrânia à Otan seja um resultado realista de um acordo negociado”, acrescentando que, “em vez disso, quaisquer garantias de segurança devem ser apoiadas por tropas europeias e não europeias”.

"Se essas tropas forem mobilizadas como forças de manutenção da paz na Ucrânia em algum momento, devem ser mobilizadas como parte de uma missão não pertencente à OTAN e não devem ser cobertas pelo Artigo 5" do Tratado de Washington (que garante a defesa coletiva dos aliados), destacou Hegseth.

O chefe do Pentágono também declarou que "deve haver uma supervisão internacional robusta da linha de contato".

“Para deixar claro, como parte de qualquer garantia de segurança, não haverá tropas americanas destacadas na Ucrânia”, pontuou.

Hegseth também observou que “para possibilitar ainda mais uma diplomacia eficaz e reduzir os preços da energia que financiam a máquina de guerra da Rússia”, o presidente dos EUA, Donald Trump, “está liberando a produção de energia americana e encorajando outros países a fazerem o mesmo”.

“Preços mais baixos de energia, juntamente com uma aplicação mais eficaz das sanções energéticas, ajudarão a trazer a Rússia para a mesa de negociações. Salvaguardar a segurança europeia deve ser um imperativo para os membros europeus da Otan", afirmou.

Neste contexto, também disse que a Europa “deve fornecer uma parcela esmagadora de assistência letal e não letal futura à Ucrânia”, o que significa doar mais munição e equipamento, expandir sua base industrial de defesa e também “falar francamente com seus cidadãos sobre a ameaça que a Europa enfrenta” e investir mais em defesa.

Segundo o secretário de Defesa dos EUA, a meta atual de 2% do PIB não é suficiente: “O presidente Trump pediu 5% e eu concordo”.

Hegseth também disse aos seus parceiros “diretamente e sem ambiguidades” que “duras realidades estratégicas impedem os Estados Unidos de se concentrarem principalmente na segurança europeia”.

“Os Estados Unidos enfrentam sérias ameaças ao seu próprio território. Devemos nos focar, e estamos nos focando, em proteger nossas próprias fronteiras”, salientou, acrescentando que estão “priorizando a dissuasão da guerra com a China no Pacífico, reconhecendo a realidade da escassez e fazendo concessões de recursos para garantir que a dissuasão não falhe”.

“A dissuasão não pode falhar, para o bem de todos (…). Juntos, podemos estabelecer uma divisão de trabalho que maximize nossas vantagens comparativas na Europa e no Pacífico, respectivamente”, considerou.

De qualquer forma, disse estar vendo "sinais promissores de que a Europa vê essa ameaça, entende o que precisa ser feito e está começando a trabalhar".

Segundo Hegseth, a continuidade da Otan "exigirá que nossos aliados europeus se manifestem e assumam a responsabilidade pela segurança convencional no continente".

“Os Estados Unidos continuam comprometidos com a aliança da Otan e com a associação de defesa com a Europa, ponto final, mas os Estados Unidos não tolerarão mais uma relação desequilibrada que fomente a dependência”, concluiu.

Acompanhe tudo sobre:UcrâniaRússiaGuerras

Mais de Mundo

Descubra a origem do termo Millennial

Petro nomeia novo ministro do Trabalho em meio a crise no governo

Trump e Putin iniciam negociações diretas para acabar com Guerra da Ucrânia

Procuradores democratas acusam Trump de tentar concentrar poder: 'estamos à beira de uma ditadura'