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Secretário da Defesa dos EUA, Jim Mattis, renuncia após conflito com Trump

A renuncia do secretário da Defesa foi anunciada um dias após Trump afirmar que vai retirar 2 mil soldados americanos da Síria

EUA: o secretário discorda da saída das tropas americanas da Síria e lamenta o desgaste com os países aliados (Jim Young/Reuters)

EUA: o secretário discorda da saída das tropas americanas da Síria e lamenta o desgaste com os países aliados (Jim Young/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de dezembro de 2018 às 08h11.

Última atualização em 21 de dezembro de 2018 às 08h19.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, renunciou ao cargo nesta quinta-feira (20), horas após sua aposentadoria ter sido informada em um tuíte pelo presidente Donald Trump e um dia depois de o chefe de Estado anunciar a retirada das tropas americanas da Síria.

"Acredito que o correto para mim seja renunciar ao meu cargo porque você tem direito de ter um Secretário de Defesa cujos pontos de vista estejam mais bem alinhados aos seus", escreveu Mattis em uma carta endereçada a Trump.

Momentos antes de o Pentágono publicar a carta de Mattis, o presidente americano havia anunciado, pelo Twitter, que seu secretário de Defesa se aposentaria "com distinção, ao final de fevereiro".

"Durante o mandato de Jim, foram obtidos avanços tremendos, especialmente com relação à compra de novos equipamentos de combate", destacou Trump.

"O general Mattis foi de grande ajuda para conseguir aliados e para que os outros países paguem sua parte nas obrigações militares. Um novo secretário da Defesa será nomeado logo. Agradeço muito a Jim por seu serviço!", acrescentou.

A saída de Mattis não é uma surpresa total para os observadores de Washington.

Sobretudo nos últimos tempos, Trump tem seguido seus próprios instintos, ignorando os conselhos de Mattis.

Ambos já tinham se enfrentado em muitos temas, inclusive no acordo nuclear com o Irã, do qual Trump se retirou em maio, enquanto Mattis defendeu algumas partes deste pacto.

O chefe do Pentágono também era contra a criação de um nova ramificação separada do Exército americano, denominada Força Espacial, mas Trump a ordenou de qualquer forma.

Mas a decisão de Trump de retirar os cerca de 2.000 soldados americanos da Síria foi a gota d'água para Mattis, que havia advertido que uma saída antecipada do país seria um erro estratégico.

Mudança de orientação

Trump defendeu a retirada das tropas americanas da Síria afirmando que os Estados Unidos não têm a intenção de ser a "polícia do Oriente Médio".

"Os Estados Unidos querem ser a polícia do Oriente Médio em troca de nada e investindo vidas valiosas e bilhões de dólares? Queremos ficar lá para sempre? Chegou a hora de deixar que outros lutem finalmente...", tuitou Trump.

A saída dos Estados Unidos fará da Rússia, que utiliza seu poder aéreo para apoiar o presidente sírio, Bashar al Assad, a potência global proeminente no conflito.

França e Reino Unido, aliados dos Estados Unidos na luta contra o grupo Estado Islâmico, reagiram energicamente à decisão de Trump, insistindo que a organização extremista está longe de ser derrotada e que a luta "continua".

A retirada dos Estados Unidos - cujo calendário é desconhecido - deixa ainda o campo livre às forças que têm o apoio da Rússia e do Irã, de um lado, e da Turquia, do outro.

Junto com a Rússia, o Irã é um aliado do regime de Damasco, enquanto a Turquia apoia uma parte dos rebeldes que lutam contra o presidente sírio, Bashar al-Assad.

Durante a campanha eleitoral, Trump foi claro sobre considerar a presença dos Estados Unidos no Oriente Médio um gasto enorme, e pediu a outros países, particularmente os do Golfo, que assumissem seu papel.

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