KAMALA HARRIS: Senadora foi escolhida como vice-presidente na chapa democrata de Joe Biden (Elijah Nouvelage/File Photo/Reuters)
Redação Exame
Publicado em 21 de julho de 2024 às 17h48.
Última atualização em 22 de julho de 2024 às 13h40.
O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou neste domingo que desistiu da sua campanha à reeleição, após semanas de pressão intensa por sua desistência por parte de congressistas democratas e megadoadores de campanha.
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, confirmou neste domingo que está concorrendo à presidência do país.
Os Clintons, que elogiaram a “extraordinária carreira de serviço” de Biden, disseram em uma declaração conjunta que estavam “honrados” em se juntar a ele para endossar Harris como a candidata democrata “e farão tudo o que puderem para apoiá-la”.
"Estou honrada em ter o apoio do Presidente e minha intenção é conquistar e vencer essa nomeação", disse Kamala Harris, segundo o New York Times. "Temos 107 dias até o dia da eleição. Juntos, lutaremos. E juntos, venceremos."
Harris é a primeira mulher, negra ou descendente de sul-asiáticos a ser eleita como vice-presidente. Em mais de dois séculos de democracia americana, os eleitores elegeram apenas um presidente negro e nunca uma mulher. Os Estados Unidos elegeram Barack Obama, o primeiro e único presidente negro, em 2008. A única mulher a liderar uma chapa presidencial de um grande partido, Hillary Clinton, perdeu para Trump em 2016.Nascida em 20 de outubro de 1964, em Oakland, Califórnia, Kamala é filha de imigrantes — sua mãe, Shyamala Gopalan, uma pesquisadora do câncer de mama e ativista de direitos civis de origem indiana, e seu pai, Donald Harris, um economista jamaicano — e foi criada em um ambiente que valorizava a educação e a justiça social. Assim, formou-se em Ciências Políticas e Economia pela Universidade Howard, uma das mais prestigiadas universidades historicamente negras dos EUA, e depois obteve seu diploma de Direito pela Universidade da Califórnia, Hastings.
Sua carreira começou em 1990, quando se tornou promotora no condado de Alameda, na Califórnia. Em 2003, ela foi eleita procuradora-distrital de São Francisco, onde implementou reformas progressistas no sistema judicial, como programas de reabilitação para crimes menores. Poucos anos mais tarde, em 2010, foi eleita procuradora-geral da Califórnia, tornando-se a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar o cargo.
A carreira política despontou a partir de 2017, como estrela em ascensão do Partido Democrata após ser eleita senadora na Califórnia. Quase imediatamente, ela fez seu nome em Washington com seu estilo incisivo em audiências no Senado, interrogando seus adversários em momentos de alto risco que muitas vezes se tornavam virais.
Com boa performance em debates, inclusive contra o próprio Biden, Harris ganhou destaque entre progressistas, mas acabou não conseguindo apoio suficiente para continuar forte na disputa pela nomeação.
Quando Biden foi escolhido, ele iniciou o processo de seleção de um companheiro de chapa, com um foco explícito em escolher uma mulher, preferencialmente negra, para refletir a diversidade do partido e do país. Harris estava entre os principais nomes considerados, junto com outras figuras de destaque do partido, como Elizabeth Warren e Stacey Abrams.
Enfim, em agosto de 2020, Biden a escolheu como sua companheira de chapa, numa decisão histórica e simbólica. Sobre o convite, Harris afirmou que estava "incrivelmente honrada e pronta para trabalhar".
Já durante a campanha, Kamala continuou com a mesma energia para atacar e criticar vigorosamente a administração de Trump e seu vice, Mike Pence, em seu mandato. Um dos momentos de destaque foi em um debate contra Pence, o único realizado na época, mostrando-se firme em suas declarações e chamando a atenção para si quando pedia para não ser interrompida pelo adversário: "Se o senhor não se importar em me deixar terminar, poderemos ter um diálogo."