Mundo

Scholz fala com Putin após 2 anos e pede que negocie para acabar com a guerra

Scholz enfatizou que “nenhum dos objetivos bélicos” da Rússia foi alcançado. Putin respondeu que Ucrânia deve retirar tropas e ser neutra

Scholz e Putin: primeira vez desde 2022 que os dois conversaram (JOHANNA GERON, Sergei GUNEYEV / POOL / Sputnik / AFP/AFP)

Scholz e Putin: primeira vez desde 2022 que os dois conversaram (JOHANNA GERON, Sergei GUNEYEV / POOL / Sputnik / AFP/AFP)

EFE
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 15 de novembro de 2024 às 20h48.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, conversou nesta sexta-feira, 15, por telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pela primeira vez desde 2022, e pediu que ponha um fim à guerra na Ucrânia e abra negociações sérias com Kiev para alcançar a paz.

Segundo disseram fontes do governo alemão à Agência EFE, Scholz enfatizou que “nenhum dos objetivos bélicos” da Rússia foi alcançado e fez um apelo a Putin para que “esteja disposto a iniciar negociações sérias com a Ucrânia com o objetivo de alcançar uma paz justa e duradoura”.

Neste sentido, o chanceler alemão pediu diretamente a Putin “para acabar com a guerra de agressão contra a Ucrânia e retirar as tropas”.

Scholz, que havia falado pela última vez com Putin por telefone em dezembro de 2022 e que na última quarta-feira também conversou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou mais uma vez a guerra de agressão russa, que há quase mil dias causa morte, sofrimento e destruição na Ucrânia.

O chanceler alemão condenou particularmente os ataques aéreos contra infraestruturas civis na Ucrânia e comentou que o envio de soldados norte-coreanos para a Rússia para missões de combate contra o território ucraniano está associado a uma grave escalada e expansão do conflito.

Scholz, que nas últimas semanas tinha falado sobre a possibilidade de falar com Putin, também expressou ao presidente russo a “determinação inabalável” da Alemanha em apoiar a Ucrânia na sua luta defensiva enquanto for necessário.

O político social-democrata, que atualmente lidera um governo minoritário na Alemanha, país que realizará eleições antecipadas no próximo mês de fevereiro, frisou que o apoio à Ucrânia está orientado para o longo prazo e que o presidente russo não pode contar com o tempo ao seu lado.

Segundo as fontes, Scholz e Putin concordaram em manter contato.

Esta conversa telefônica entre Scholz e Putin ocorre em um momento em que a Ucrânia se encontra em uma situação complicada, uma vez que a Rússia ganha terreno diariamente na região oriental de Donetsk e por outro lado teme pelo futuro da ajuda ocidental, especialmente a americana, após a chegada à presidência dos EUA do republicano Donald Trump.

Trump tem se mostrado relutante em continuar fornecendo armas a Kiev. Por outro lado, a Alemanha não terá orçamento para 2025 e não terá um governo estável após a dissolução da coligação até meados do próximo ano, o que também dificulta a prestação de assistência adicional a Zelensky.

Da mesma forma, a Rússia, embora não tenha conseguido expulsar as tropas ucranianas que ocuparam parte do seu território na região de Kursk em agosto passado e sofra perdas humanas e materiais muito importantes na guerra, foi reforçada por milhares de soldados norte-coreanos prontos para combater do lado das forças russas. 

Putin disse que Ucrânia deve retirar tropas e ser neutra

Em resposta, Putin disse que segue de pé a proposta de paz para a Ucrânia que apresentou no último mês de de junho, que inclui a retirada das tropas ucranianas do Donbass e do sul do país e a renúncia de Kiev à adesão à Otan.

“A proposta da Rússia é bem conhecida (…) Os possíveis acordos devem levar em conta os interesses da Federação Russa em matéria de segurança, partir da realidade sobre o terreno e, o mais importante, erradicar as causas profundas do conflito”, informou o Kremlin em um comunicado.

Em sua primeira conversa com Scholz desde dezembro de 2022, Putin referiu-se a seu discurso em junho perante o Ministério das Relações Exteriores, no qual apresentou suas novas condições para a paz, que foram imediatamente rechaçadas por Kiev.

Putin propôs então que a Ucrânia retirasse suas tropas do Donbass e do sul do país, e renunciasse aos planos de adesão à Otan, após o que o Kremlin anunciaria um cessar-fogo imediato e o início de negociações para resolver o conflito.

A este respeito, na conversa de hoje Putin frisou que “o lado russo nunca desistiu e permanece aberto à retomada das negociações que foram interrompidas por Kiev”, em alusão às conversas do final de março de 2022 em Istambul.

A nota oficial salienta que a conversa entre os dois dirigentes foi “detalhada e franca”.

"Putin lembrou que a crise atual é um resultado direto da política agressiva da Otan durante muitos anos, que visava criar uma plataforma anti-russa em território ucraniano que ignorava os interesses do nosso país no âmbito da segurança e pisoteava os direitos dos falantes de russo", ressaltou.

Em um recente discurso no Clube de Debate Valdai, Putin considerou que o maior problema entre a Rússia e a Europa é o “déficit de confiança”.

Acompanhe tudo sobre:UcrâniaAlemanhaRússia

Mais de Mundo

Trump assina ordens impondo tarifas de 25% para México e Canadá e 10% para a China

Trump diz que Venezuela 'aceitou' receber migrantes deportados, incluindo criminosos

Papa Francisco se desequilibra após quebrar parte da bengala

Israel pede informações de crianças reféns após libertação de pai neste sábado