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Sauditas e aliados publicam lista do "terror" apoiado pelo Catar

Segundo comunicado, as 59 pessoas e 12 organizações incluídas nesta lista negra "estão conectadas com o Catar e respondem a uma agenda suspeita

Catar: a lista contém pelo menos dois nomes internacionalmente apontados como apoiadores financeiros do terrorismo (Fadi Al-Assaad/Reuters)

Catar: a lista contém pelo menos dois nomes internacionalmente apontados como apoiadores financeiros do terrorismo (Fadi Al-Assaad/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de junho de 2017 às 21h49.

A Arábia Saudita e seus aliados, que romperam relações com Doha, publicaram uma lista de pessoas e de organizações vinculadas a atividades "terroristas" apoiadas pelo Catar, o qual refutou qualquer intervenção em sua política externa.

Segundo um comunicado conjunto de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bahrein, as 59 pessoas e 12 organizações incluídas nesta lista negra "estão conectadas com o Catar e respondem a uma agenda suspeita que põe em evidência a dualidade das políticas do Catar".

O comunicado demonstra ainda que o Catar "proclama, por um lado, combater o terrorismo e, por outro, financia, apoia e acoberta diferentes organizações terroristas".

A lista contém pelo menos dois nomes internacionalmente apontados como apoiadores financeiros do terrorismo e contra os quais - segundo o último informe do Departamento de Estado americano - o Catar já atuou.

Trata-se de Sad Al Kabi e Abd Al Latif Al Kawari, mencionados entre as dezenas de indivíduos e de entidades apontados pela Arábia Saudita e por seus três aliados.

"Os quatro países concordaram em apontar 59 pessoas e 12 entidades em sua lista do terrorismo" e, segundo o comunicado, prometem "não ser indulgentes na hora de perseguir" essas pessoas, ou grupos.

Mais cedo, o ministro catariano das Relações Exteriores havia declarado à AFP que seu país rejeitaria qualquer intervenção em sua política externa.

"Ninguém tem o direito de intervir na nossa política externa", declarou o xeque Mohammed ben Abderrahmane Al-Thani em entrevista à AFP em Doha.

Ele excluiu, no entanto, que a crise atual leve a um conflito armado.

"Uma solução militar não é uma opção", garantiu.

Na entrevista, o chefe da diplomacia do Catar afirmou que o país conseguiria suportar "eternamente" o bloqueio imposto por Riad e por seus aliados. Também declarou que seu país respeita seus compromissos internacionais e não suspenderá suas entregas de gás aos Emiratos Árabes Unidos.

Os sauditas e os seus aliados consideram que o Catar deve "mudar de política" e seguir a mesma linha que seus vizinhos a respeito dos movimentos islamitas radicais e em sua relação com o Irã, grande rival xiita do reino saudita, majoritariamente sunita.

"Esperamos que nossos irmãos do Catar tomem as medidas corretas para acabar com essa crise", disse o ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir.

Os Emirados Árabes Unidos, país mais crítico com o Catar, mantêm uma posição extrema, qualificando as autoridades de Doha como "campeãs do extremismo e do terrorismo na região".

Al-Jazeera sofre ciberataque

Nesta quinta-feira, a emissora de TV do Catar Al Jazeera informou que estava lutando contra um vasto ciberataque, que tinha como alvo "todos os seus sistemas", sites da Internet e plataforma nas redes sociais, reportou a emissora no Twitter.

A página on-line http://www.aljazeera.com ficou várias vezes fora do ar durante o dia.

Na segunda-feira, a Arábia Saudita já tinha fechado os escritórios da emissora catariana, que conta com cerca de 80 redações em todo o mundo e emite em vários idiomas.

A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) condenou o fechamento e denunciou que a emissora é "vítima colateral" da campanha diplomática contra Doha.

Fundada há mais de 20 anos pelo governo do Catar, a Al Jazeera atuou como caixa de ressonância dos movimentos da Primavera Árabe.

Segundo um funcionário de alto escalão da região consultado pela AFP, a crise atual se explica pela "influência" que o antigo emir catariano, Hamad bin Khalifa Al-Thani, de 65 anos, exerce sobre seu filho, xeque Tamim, de 37, que chegou ao poder em 2013 depois da abdicação do pai.

O xeque Hamad conseguiu colocar o Catar no mapa local e internacional, impulsionando seu papel mediador em várias crises e aparecendo na linha de frente das revoltas árabes de 2011.

Resolver diferenças

A crise começou nesta semana quando Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Bahrein, Mauritânia e Maldivas decidiram romper suas relações diplomáticas com o Catar e, no caso de alguns países, aplicar sanções econômicas e restrições no tráfego aéreo.

O presidente americano, Donald Trump, que apoiou a decisão de isolar o Catar, agora oferece sua ajuda para sair da crise.

Em um telefonema com o xeque Tamim, Trump "propôs ajudar as partes a resolverem suas diferenças, inclusive com uma reunião na Casa Branca, se for necessário".

O presidente francês, Emmanuel Macron, encontrou-se com o emir do Catar, com o presidente iraniano, Hassan Rouhani, e com o rei Salman da Arábia Saudita, e convidou todos os envolvidos a continuarem dialogando.

Na quarta-feira (7), o emir do Kuwait, xeque Sabah Al-Ahmad Al-Sabah, viajou para o Catar depois de ter-se reunido com o rei saudita em uma tentativa de mediação.

O Catar nega todas as acusações e assegura que a crise é consequência das falsas declarações de seu emir sobre o Irã e sobre a Irmandade Muçulmana, publicadas pela agência de notícias que, segundo as autoridades, foi hackeada.

Na quarta-feira, o ministro catariano do Interior publicou um relatório preliminar sobre a investigação do suposto ciberataque que teria começado em abril, mas não identificou seus autores.

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