Jovens: essa população é acometida por doenças que se não tratadas são irreversíveis (Rawpixel/Thinkstock)
Clara Cerioni
Publicado em 21 de setembro de 2018 às 16h44.
Última atualização em 21 de setembro de 2018 às 18h40.
São Paulo — Com quase três bilhões de adolescentes espalhados pelo mundo, priorizar iniciativas de prevenção à saúde dessa parcela da população é uma das ações mais efetivas para gerar economia e desenvolvimento sustentável nos países.
Um novo estudo conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado nesta sexta-feira (21), mostra como a saúde dos jovens foi, por anos, deixada de lado pelos órgãos públicos e, agora, custa caro — não só financeiramente, mas também para o desenvolvimento de políticas públicas.
O informativo desenha um cenário de doenças que atingem, em massa, os adolescentes. Essa faixa etária é a que enfrenta maior risco de violência física, psicológica e sexual.
Os jovens, de acordo com o estudo, são frequentemente expostos a tabaco, álcool e drogas. Segundo a pesquisa, a maioria das pessoas que fumam começa na adolescência. Além disso, uma em cada duas que continua a fumar morrerá por doenças relacionadas ao tabaco.
Nesse sentido, ações de prevenção poderiam salvar vidas e trazer economias. De acordo com a agência da ONU para álcool e drogas, a cada um dólar investido em ações contra cigarro, bebida e outras drogas, os governos conseguem economizar dez vezes mais, por evitar os problemas decorrentes desses vícios.
Para Ana Maria Malik, coordenadora do FGVsaúde, o esforço com os adolescentes deve ser multisetorial. "Para surtir efeito é preciso que educação, esporte, moradia, condições de vida e mobilidade de unam para garantir o desenvolvimento dessa população", diz.
A especialista afirma, ainda, que por ser uma ação conjunta, não é possível fazer uma estimativa do quanto se economizaria em ações de prevenção. "O que temos certeza é que não é só um retorno financeiro, mas também social e de desenvolvimento", conclui.
Os adolescentes também têm maior propensão a desenvolver problemas devastadores de saúde mental, como depressão, ansiedade, transtornos alimentares e suicídio. Além de gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis.
“Investir na saúde e no bem-estar dos jovens deve ser uma das principais prioridades de quem desenvolve políticas públicas. Esse fomento não é apenas a coisa certa a fazer, eles também geram enormes retornos econômicos e sociais e são vitais para alcançar a agenda global de desenvolvimento sustentável”, afirma Natalia Kanem, diretora executiva do Fundo de População das Nações Unidas, que conduziu parte do estudo.
Um outro aspecto abordado pelo estudo envolve a morte de adolescentes e jovens no mundo. Isso porque, em alguns países, essa parcela da população enfrenta ameaças que vão além dos problemas de saúde.
Discriminação ou violência racial e de gênero, violações dos direitos humanos, conflitos ou desorganização social, excesso de peso, casamento forçado e abuso sexual são citados pelo levantamento.
Os números se mostram alarmantes: cerca de três mil adolescentes morrem todos os dias no mundo. Em 2016, mais de 1,1 milhão de adolescentes entre 10 e 19 anos perderam a vida, principalmente devido a causas evitáveis, como lesões na estrada, complicações na gravidez ou no parto ou por causa do HIV.