Mundo

Sarkozy tenta resolver disputa para sucessor no partido

O presidente francês reuniu-se com os rivais François Fillon e Jean Francois Cope em tentativa de mediar o conflito


	O presidente Nicolas Sarkozy pode ser a última esperança do partido conservador francês, afirmou o veterano de centro-direita Alain Juppé
 (Martin Bureau/AFP)

O presidente Nicolas Sarkozy pode ser a última esperança do partido conservador francês, afirmou o veterano de centro-direita Alain Juppé (Martin Bureau/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2012 às 20h58.

Paris - O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy se reuniu nesta segunda-feira com um dos dois homens envolvidos em uma disputa cruel para sucedê-lo como líder do partido conservador, depois de um dos fundadores do partido ter lhe implorado para entrar em cena para salvar o partido de uma ruptura.

Sarkozy, que tinha até agora evitado a disputa de uma semana sobre quem ganhou a votação para a liderança do partido em 18 de novembro, realizou uma reunião com François Fillon, que está preparando uma contestação legal contra a vitória apertada do rival Jean-Francois Cope.

A reunião na hora do almoço aconteceu horas depois de Alain Juppé, um veterano de centro-direita e ex-primeiro ministro, ter abandonado sua tentativa de mediar uma solução após conversas infrutíferas com os rivais em guerra no UMP e ter dito que Sarkozy poderia ser a última esperança do partido.

A disputa, descrita pelo jornal conservador Le Figaro como "suicídio ao vivo", ameaça dividir um partido cuja missão quando fundado há uma década era de unir facções de centro e de extrema direita que Fillon e Cope representam.

"Parece claro que (Sarkozy) é a única pessoa hoje com autoridade suficiente para propor uma solução onde eu não consigo enxergar uma", disse Juppé à rádio RTL. "Está nas mãos dele." Dois terços dos partidários do UMP querem que Sarkozy dispute a eleição presidencial de 2017, apesar de sua promessa de deixar a política quando ele perdeu o poder em maio. Analistas acreditam que a disputa atual aumenta as chances de um retorno dele.


Fillon, que foi primeiro-ministro no mandato de Sarkozy, mas tem uma posição mais centrista, não fez nenhum comentário ao chegar para a reunião.

Cope, um discípulo de Sarkozy com visões duras em questões como imigração, disse ao canal de televisão BFM que a decisão de Fillon de tomar medidas legais era a maneira errada de acabar com a briga.

A disputa para encontrar um sucessor para Sarkozy, que mergulhou no caos quando os dois lados se acusaram de aumentar votos, transformou em piada um partido que ocupou a Presidência por uma década até a vitória dos socialistas em maio.

Isso está se tornando um benefício para o presidente François Hollande à medida que ele lida com uma economia estagnada e queda na popularidade.

"É difícil ver como o UMP continua como um partido depois disso", escreveu Arthur Goldhammer, especialista do Centro de Estudos Europeus da Universidade de Harvard, em seu blog sobre política francesa. "É evidente que esta é uma saga que não vai se desenrolar em um dia." O desastre expôs uma divisão profunda sobre a mudança gradual do partido para a direita em questões como imigração e religião, que poderia agora remodelar o cenário político.

Na pior das hipóteses, analistas preveem uma cisão de um partido que o ex-presidente Jacques Chirac fundou para manter a direita em um caminho centrista definido pelo general Charles de Gaulle após a Segunda Guerra Mundial.

Mesmo que o partido possa se manter unido, a disputa corre o risco de distrair o UMP durante meses de seu papel como principal partido da oposição, beneficiando tanto a esquerda quanto a extrema-direita antes das eleições locais em 2014.

"Esta novela ruim tem que acabar, porque a democracia precisa de uma oposição operacional", disse o Partido Socialista em um tweet. O Le Figaro pediu a Fillon e Cope em um editorial de primeira página para "encerrar o massacre" e disse que o "espetáculo patético" de sua disputa era um insulto à política.

Acompanhe tudo sobre:Crise políticaEuropaFrançaNicolas SarkozyPaíses ricosPolíticaPolíticos

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA