O presidente, no entanto, "recusou-se a vincular a imigração ao drama de Toulouse" (Eric Feferberg/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2012 às 11h49.
Paris - O presidente-candidato Nicolas Sarkozy caracterizou de "muçulmanos na aparência" dois dos três soldados mortos pelo jovem jihadista Mohamed Merah em Toulouse e Montauban (sudoeste). A oposição, indignada, criticou.
Ao denunciar as observações contra o Islã feitas pela candidata de extrema-direita Marine Le Pen no domingo sobre os assassinatos cometidos por Mohamed Merah, Sarkozy disse nesta segunda-feira à rádio France Info: "As comparações não têm significado algum, quero lembrar que dois dos nossos soldados ... como posso dizer ... muçulmanos, pelo menos na aparência, já que um era católico, mas de aparência".
"Esta expressão, além de ser uma estupidez inimaginável, é claramente racista!", reagiu o Partido Comunista, que em um comunicado considerou a declaração "uma provocação inaceitável".
"Como o presidente da República chega a confundir, se não tiver feito de propósito, questão de fé e cor da pele?", questionaram os comunistas.
A equipe de campanha do socialista François Hollande também afirmou que Nicolas Sarkozy conseguiu "resumir em uma frase todo o preconceito sofrido por muitos franceses, que são discriminados constantemente por sua origem ou religião presumida".
O presidente, no entanto, "recusou-se a vincular a imigração ao drama de Toulouse", lembrou em comunicado a equipe de Holland.
"A República não reconhece aparência. Já é tempo de Nicolas Sarkozy fazer o mesmo e parar de usar palavras que dividem", conclui o comunicado assinado por Mireille Le Corre, responsável pelas questões de imigração.
Os três paraquedistas franceses mortos por Mohamed Merah são Imad Ibn Ziaten, de 30 anos, e Abel Chennouf, de 25, ambos no dia 11 de março em Toulouse, e Legouade Mohammed, de 23, no dia 15 de março em Montauban.