Ao término do interrogatório, Sarkozy ficou sob status de ''testemunha assistida'' (Kenzo Tribouillard/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2012 às 20h36.
Paris - O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy assegurou em seu depoimento ontem perante um juiz que não recebeu dinheiro para financiar sua campanha presidencial de 2007 do multimilionário casal Bettencourt, donos do império de cosméticos L''Oréal.
As palavras de Sarkozy foram reveladas na noite desta sexta-feira no site do jornal ''Sud-Ouest'', que garante ter tido acesso aos documentos judiciais sobre o depoimento de 12 horas do político conservador no Palácio de Justiça de Bordeaux.
''Conheço os Bettencourt desde os 28 anos e tenho 57. Fiz cinco campanhas municipais em Neuilly'', afirmou Sarkozy, acrescentando que nunca lhe deram dinheiro nem ele pediu.
O ex-chefe do Estado declarou ainda que não detectou sintomas de problemas mentais em Liliane Bettencour, herdeira do império de produtos de beleza, que atualmente tem 90 anos e se encontra em estado de fraqueza mental desde setembro de 2006, segundo exames psiquiátricos.
''Quando a via, não percebia nenhum sintoma aparente disso... Estava bem vestida, não gaguejava, não dizia nenhum absurdo'', relatou Sarkozy.
Ao término do interrogatório, Sarkozy ficou sob status de ''testemunha assistida'', entre o de simples testemunha e o de acusado, que deixa aberta a porta para uma interrogação e acusação posterior.
A suspeita sobre o ex-presidente surgiu do depoimento da antiga contadora de Bettencourt, Claire Thibout, que em 2010 declarou à polícia que em janeiro de 2007 o administrador da família, Patrice de Maistre, lhe pediu 150 mil euros em dinheiro para entregá-los ao então tesoureiro da campanha de Sarkozy, Eric Woerth.
O nome de Sarkozy aparece, além disso, em outros dois processos judiciais sobre financiamento ilegal de campanhas políticas e outro de desvio de fundos públicos para pagar pesquisas de opinião.
Sarkozy se tornou assim o segundo presidente francês que comparece perante a Justiça após abandonar o Palácio do Eliseu, depois de Jacques Chirac, que em dezembro foi condenado a dois anos de prisão isentos de cumprimento por um caso de corrupção e financiamento ilícito de partidos.