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Sarkozy é indiciado por financiar campanha com dinheiro líbio em 2007

Juízes acusaram o ex-chefe de Estado pelos crimes de corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha eleitoral e receptação de dinheiro líbio

Nicolas Sarkozy: Essa é a segunda vez em que o ex-presidente é indiciado pela Justiça francesa (Valery Hache/AFP)

Nicolas Sarkozy: Essa é a segunda vez em que o ex-presidente é indiciado pela Justiça francesa (Valery Hache/AFP)

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EFE

Publicado em 21 de março de 2018 às 18h34.

Paris - O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, foi indiciado nesta quarta-feira pelo suposto financiamento ilegal da sua campanha de 2007 com dinheiro do ex-líder líbio Muammar Kaddafi e posto em liberdade sob controle judicial, segundo informou o site do jornal "Le Monde".

Após 25 horas de interrogatório sob detenção, os juízes que instruem a causa acusaram o ex-chefe de Estado pelos crimes de corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha eleitoral e receptação de dinheiro líbio.

Essa é a segunda vez em que Sarkozy é indiciado pela Justiça francesa, que já lhe acusou em um caso de corrupção.

O interrogatório tinha começado nesta terça-feira e, incluindo um recesso de nove horas durante a noite, se prolongou até o final da tarde hoje, momento no qual foi apresentado aos juízes.

Os agentes da divisão anticorrupção OCLCIFF lhe interrogaram na sede da Polícia Judicial de Nanterre, nos arredores de Paris.

Faltando informações sobre o conteúdo de seu depoimento, o advogado do ex-ministro de Interior e braço direito de Sarkozy durante muitos anos, Brice Hortefeux, - que na véspera passou 15 horas perante os mesmos oficiais da OCLCIFF -, ofereceu hoje algumas pistas.

O advogado Jean-Yves Dupeux contou à emissora "BFMTV" que os agentes tinham bombardeado com pelo menos 200 perguntas seu cliente, que negou categoricamente que Sarkozy tivesse se beneficiado de um financiamento líbio.

Hortefeux afirmou na sua conta do Twitter que "as precisões apresentadas devem permitir pôr fim a uma sucessão de erros e de mentiras".

Essa posição, que inclui uma queixa de instrumentalização da Justiça, é a que manteve quando foi questionado sobre este assunto o próprio Sarkozy, que se esforçou para desqualificar aquele que aparece ser uma das principais testemunhas contra ele, o marchand de armas e intermediário Ziad Takieddine.

Este turvo personagem franco-libanês é um dos acusados neste processo aberto em janeiro de 2013 por acusações de corrupção, tráfico de influência e desvio de fundos.

Como prova existe por enquanto o documento publicado em abril de 2012 pelo site "Médiapart": uma nota de dezembro de 2006 de Musa Kusa, que era chefe dos serviços secretos de Kaddafi, sobre a concessão de uma verba de 50 milhões de euros para a campanha de Sarkozy.

Faltando identificar formalmente giros bancários diretos da Líbia às contas do candidato Sarkozy, os investigadores constataram que os responsáveis dos preparativos eleitorais manejavam muito dinheiro.

A sua explicação é que tinham recebido fundos de doadores anônimos. Mas depois disso surgiu o relato de Takieddine, que, depois de ter dado diferentes versões, em dezembro de 2016 acabou confessando que ele mesmo se encarregou, entre o final de 2006 e o início de 2007, do transporte entre Trípoli e Paris de 5 milhões de euros que entregou em mãos ao ex-ministro Claude Guéant e ao próprio Sarkozy.

Guéant, que foi o diretor de campanha em 2007 e que durante a presidência que começou em maio desse ano se encarregou de muitas das missões francesas perante o regime de Kaddafi, é outro dos acusados neste processo.

O terceiro é o magnata saudita Khalid Bushan, a quem é atribuído um repasse a favor de Guéant no valor de 1 milhão de euros.

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