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Sarkozy diz que Justiça é distorcida pela política

Ex-presidente é investigado por usar sua influência para obter detalhes de uma investigação sobre sua campanha presidencial de 2007

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy deixa sua residência nesta quarta-feira, em Paris (Gonzalo Fuentes/Reuters)

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy deixa sua residência nesta quarta-feira, em Paris (Gonzalo Fuentes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2014 às 17h12.

Paris - O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy disse nesta quarta-feira que o sistema legal está sendo usado para fins políticos, depois que ele passou a ser investigado formalmente pela suspeita de usar sua influência para obter detalhes de uma investigação sobre sua campanha presidencial de 2007.

A medida, que frequentemente, mas nem sempre, termina em julgamento, é um grande revés às esperanças de Sarkozy de voltar à Presidência depois de sua derrota para o rival socialista François Hollande na eleição de 2012.

O político conservador nega qualquer ilegalidade na série de inquéritos, nos quais o seu envolvimento direto ou indireto levou a questionamentos sobre sua viabilidade como candidato a presidente em 2017.

“Digo àqueles que estão ouvindo ou assistindo que nunca os traí e nunca cometi nenhum ato contra os princípios da República e o Estado de Direito”, afirmou Sarkozy, de acordo com trechos de sua primeira entrevista desde a derrota de 2012, que será exibida na rádio Europe 1 ainda nesta quarta-feira.

“A situação é suficientemente séria para dizer ao povo francês a que ponto chegamos na exploração política de parte do sistema legal hoje em dia.”

Os magistrados investigam se Sarkozy usou sua influência para conseguir detalhes vazados de um inquérito sobre supostas irregularidades em sua campanha vitoriosa de 2007.

Ele é suspeito de tráfico de influência, corrupção de autoridades e de se beneficiar da violação de segredos profissionais, informou o gabinete da promotoria.

Primeiro ex-presidente francês a ficar sob custódia da polícia, Sarkozy, de 59 anos, ficou detido durante 15 horas na terça-feira e depois foi transferido para comparecer diante dos magistrados que irão conduzir a investigação. Em seguida, ele foi solto sem fiança.

Sarkozy "já passou por provações desta natureza, sempre soube lutar”, disse Paul-Albert Iweins, advogado do próprio advogado de Sarkozy, Thierry Herzog, que também está sendo investigado por tráfico de influência, assim como um juiz envolvido no caso.

Iweins afirmou que o caso é fraco, já que se apoia em escutas telefônicas legalmente questionáveis de conversas entre Sarkozy e Herzog, assim como de Herzog e do presidente do tribunal francês.

Os aliados de Sarkozy têm dúvidas sobre a imparcialidade de um dos magistrados.

O prefeito de Nice, Christian Estrosi, disse à rádio estatal France Info que o governo de Hollande incitou “um clima de ódio”.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, rejeitou acusações de um complô.

Os magistrados investigadores têm um papel único e poderoso na lei francesa, podendo reunir provas e determinar se são consistentes o bastante ou não para um julgamento.

Após o inquérito, o magistrado pode descartar o caso por falta de provas ou “acusar” o réu, enviando o caso a julgamento.

É a segunda vez que o ex-presidente, que perdeu imunidade um mês depois de entregar o cargo em junho de 2012, foi investigado judicialmente. A primeira foi em 2013, porém os magistrados anularam o caso.

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