Nicolas Sarkozy: "risco zero não existe, mas há uma obrigação para garantir a segurança", disse (Valery Hache/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de julho de 2016 às 17h42.
Paris - O ex-presidente da França e líder da oposição conservadora, Nicolas Sarkozy, afirmou neste domingo que falta determinação ao governo de François Hollande para combater o terrorismo e criticou o atual presidente do país de não ter feito o suficiente para lidar com o problema desde os atentados de janeiro de 2015 contra a revista "Charlie Hebdo".
"Fui chefe de Estado, sei que risco zero não existe, mas não se fez tudo o que deveria ter sido feito há 18 meses", ressaltou Sarkozy em entrevista à emissora "TF1" ao ser questionado sobre o atentado de Nice na última quinta-feira.
"Estamos em guerra, em uma guerra total, e nossos inimigos não têm tabus, não têm fronteiras, não têm princípios, o que significa que a luta tem que ser nos mesmos termos: eles ou nós. E isso requer determinação durante anos", afirmou o ex-presidente.
"Sou líder da oposição e trato de explicar que risco zero não existe, mas há uma obrigação para garantir a segurança", completou.
Sarkozy criticou o fato de o governo ter demorado a criar leis para conter os jihadistas e também de não ter criado nenhum centro para a desradicalização, quando "há milhares de jovens franceses radicalizados ou em vias de radicalização".
O ex-presidente propôs que as 11.400 pessoas que estão fichadas pelos serviços secretos franceses por suspeita de vínculos com o terrorismo sejam alvo de uma "análise precisa".
Além disso, para Sarkozy, os estrangeiros suspeitos de terrorismo deveriam ser "urgentemente expulsos" do país. Já os franceses teriam que usar tornozeleiras eletrônicas, movimentação restrita por decisão administrativa ou internados em "centros de retenção".
O líder do Partido Os Republicanos também alfinetou a política externa de Hollande. Em particular, afirmou que é preciso buscar uma aliança com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para combater o Estado Islâmico, de modo que haja na Síria "uma coalizão internacional e não duas".
Além disso, Sarkozy afirmou que os aliados regionais devem intervir militarmente com forças terrestres para combater os jihadistas no território sírio, apesar de descartar um envio de soldados franceses para esse tipo de missão.