Nicolas Sarkozy: acusações podem condená-lo à prisão (Valery Hache/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2014 às 16h16.
Paris - O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy qualificou nesta quarta-feira de "grotescas" as acusações de corrupção ativa, tráfico de influência e encobrimento da violação do segredo profissional que podem condená-lo à prisão.
Em entrevista concedida ao canal "TF1" e à emissora "Europe 1", o chefe de Estado da França entre 2007 e 2012 questionou o tratamento judicial que recebeu e a imparcialidade do juiz escolhido.
"É normal que se escolha um juiz que pertence ao sindicato da magistratura (...), que tem a obsessão política de destruir a pessoa contra quem deve instruir?", se perguntou o ex-presidente.
Sarkozy pediu que não se confunda essa 'pequena parte da magistratura militante' com o resto do corpo judicial, mas ressaltou que o tratamento que recebeu até agora, com um interrogatório de mais de 15 horas e em regime de prisão preventiva, teve a intenção de humilhá-lo e pressioná-lo.
"Não tenho nada a esconder", declarou o ex-presidente, acrescentando que "quando alguém tem a certeza de ser inocente não tem medo de expressar-se".
Sarkozy disse não querer estar 'acima da lei, mas também não abaixo' e insistiu que foi violado um princípio fundamental do Direito, o que "todo réu tem direito a um juiz imparcial".
O ex-dirigente conservador defendeu que nas contas da campanha que lhe levou ao Palácio do Eliseu em 2007 nunca houve um sistema de duplo faturamento, qualificou de 'escandaloso' que seja suspeito de 'tráfico de influência', e não descartou, apesar de tudo, retornar à primeira linha da política francesa.
"Não antecipemos a decisão. Amo com paixão meu país e não sou alguém que desiste", declarou Sarkozy, antecipando que tomará a decisão sobre suas intenções "no final de agosto ou início de setembro".