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Sarah Palin atiça blogsfera com alusão ao anti-semitismo

A estrela do movimento conservador Tea Party despertou a ira de grupos judeus ao usar um termo que se refere ao anti-semitismo

Sarah Palin, a líder do movimento ultraconservador norte-americano "Tea Party" (Allison Shelley/Getty Images)

Sarah Palin, a líder do movimento ultraconservador norte-americano "Tea Party" (Allison Shelley/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2011 às 15h38.

Washington - A ex-governadora do Alasca e estrela do movimento conservador Tea Party, Sarah Palin, é acusada de encorajar atos de violência em seu discurso e recentemente despertou a ira de grupos judeus ao usar um termo que se refere ao anti-semitismo.

Acostumada a falar o que pensa - sem filtros -, Palin rompeu seu silêncio na quarta-feira com um vídeo no qual acusa a imprensa de um "libelo de sangue" contra ela ao querer vinculá-la com o tiroteio do último sábado em Tucson.

O tiroteio deixou seis mortos e 14 feridos, entre eles a congressista Gabrielle Giffords, a primeira judia entre os 435 membros da Câmara de Representantes dos Estados Unidos.

"Quando uma tragédia acontece, os jornalistas não deveriam inventar um libelo de sangue que só serve para incitar o mesmo ódio e violência que supostamente condenam", disse Palin, que é cristã.

O vídeo de quase oito minutos foi gravado com um aprazível cenário: na frente de uma chaminé e com a bandeira dos EUA. Olhando fixamente à câmera, Palin critica as "declarações irresponsáveis" após o tiroteio, e logo após, declarou a polêmica frase.

Embora faça parte do vocabulário aceito no idioma inglês para referir-se a uma vítima de falsas acusações, o termo segue tendo, sobretudo, uma alta carga emocional na história dos judeus.

De acordo com o dicionário Oxford de religiões do mundo, "blood libel" (libelo de sangue) se refere à acusação - contestada por inúmeros pesquisadores - de que os judeus usavam o sangue de cristãos, particularmente de crianças, em seus rituais de Páscoa, como consta em algumas publicações antissemitas na Idade Média.

O termo também foi amplamente usado na propaganda antissemita durante a Segunda Guerra Mundial.

Basta uma olhada na blogsfera que é possível perceber que Palin não é a única conservadora que utilizou da expressão recentemente, contudo, foi ela que levantou a polêmica e é agora acusada de "ser insensível".

Pelo menos assim acredita a maioria dos grupos judeus dos EUA, que não demorou a repudiar seus comentários.

O líder da Liga contra a Difamação, Abraham Foxman, lamentou que a tragédia de Tucson continue abordando a retórica incendiária que "corrói nosso sistema político" e atinge o ambiente dentro e fora de Washington.

"Palin não é culpada da tragédia, mas desejaríamos que tivesse usado outra frase, em vez de uma que traz tanta dor à comunidade judaica", disse Foxman.


O Conselho Nacional Judeu Democrático acredita que Palin conseguiu exacerbar um momento já difícil para o país.

"O uso do termo por parte de Palin para atacar seus supostos inimigos dificilmente ajuda a melhorar a cultura política do país", acrescentou o grupo.

Outros esperam que Palin reconheça seu erro, ofereça desculpas e se comprometa a escolher palavras mais adequadas.

Por outro lado, os blogueiros conservadores, no entanto, defendem a ex-governadora, insistindo em dizer que o "escândalo" sobre a frase surgiu de "oportunistas do massacre de Tucson".

Palin tirou do ar o mapa que continha 20 círculos eleitorais assinalados com um alvo e a lista de 20 congressistas democratas considerados inimigos políticos de Sarah Palin, entre eles Giffords.

Apesar dos protestos, o vídeo sobre o "libelo de sangue" continuava disponível na sua página do Facebook na noite de quarta-feira.

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