São Paulo produz 18 mil toneladas de lixo por dia. Só de resíduos domiciliares são coletados quase 12 mil toneladas (Rogério Montenegro)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2012 às 15h47.
Ao longo da semana, o site de Veja tratou dos desafios da sustentabilidade em São Paulo e no Rio de Janeiro e as iniciativas que estão sendo tomadas para vencê-los. Já foram abordados três temas: poluição, reciclagem e a influência das metrópoles na exploração dos recursos da Amazônia. Nesta sexta-feira, quando se encerra a Rio+20, mais dois assuntos encerram a série: saneamento básico e lixo. Confira abaixo a situação das duas cidades:
São Paulo
Problema: São Paulo produz 18 mil toneladas de lixo por dia. Só de resíduos domiciliares são coletados quase 12 mil toneladas.
Solução: O município conta com uma moderna central de tratamento de resíduos. Próxima ao aterro desativado São João, a Central de Tratamento de Resíduos Leste (CTL) tem um moderno sistema de tratamento do chorume, que já é transformado em água de reúso.
A queima do gás metano liberado dos aterros desativados para geração de energia virou um dos maiores programas para a redução de emissões da cidade. “Reduzimos em 12% as emissões de gases de efeito-estufa com a instalação da usina de biogás nos aterros Bandeirantes e São João”, afirma o secretário municipal de meio ambiente, Eduardo Jorge.
Os créditos de carbono gerados a partir da iniciativa, considerada um mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), são comercializados pela Bolsa de Valores de São Paulo. Já foram feitos dois leilões internacionais, nos quais a Prefeitura arrecadou 71 milhões de reais. “Esse dinheiro vem sendo aplicado em projetos e melhorias ambientais nas regiões onde estão os aterros, como a implantação de parques lineares, praças, um centro de formação socioambiental e um centro de acolhimento de animais silvestres”, diz Eduardo Jorge.
Rio de Janeiro
Problema: O maior aterro de lixo da América Latina, Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, chegou a receber 7,8 mil toneladas por dia de lixo provenientes da cidade do Rio e da Baixada Fluminense. À margem da Baía de Guanabara, o local, que nasceu como lixão e virou um aterro remediado, é considerado um dos piores problemas ambientais do estado. O recente risco de vazamento subterrâneo de chorume, o líquido resultante da decomposição dos resíduos, foi determinante para a decisão de desativá-lo definitivamente, posta em prática em três de junho.
Solução: Além da mudança do aterro sanitário dali para Seropédica, o governo deve aumentar os gastos anuais com tratamento em resíduos em 100 milhões de reais. A construção de uma moderna central de tratamento de resíduos, a CTR-Ciclus, é um dos principais projetos. O local já começou a receber gradativamente os resíduos que anteriormente eram depositados no aterro de Gramacho e em Gericinó. A nova central vai garantir o destino adequado dos resíduos, sem riscos para o meio ambiente. A CTR vai receber 9,7 mil toneladas de lixo, em média, por dia. O sistema será completado por sete estações de transferência.
Uma tripla camada de impermeabilização do chão - feita com mantas reforçadas de polietileno de alta densidade (PEAD) - e sensores ligados a um software que indica qualquer anormalidade no solo são as principais tecnologias de segurança. O chorume vai virar água de reúso e o biogás será transformado em energia e convertido em créditos de carbono.
O gás metano que está acumulado no subsolo do aterro do Jardim Gramacho também deve ser queimado para geração de energia em uma nova usina de biogás. Segundo a Comlurb, a queima do metano de Gramacho evitará que, nos próximos 15 anos, cerca de 75 milhões de metros cúbicos de metano sejam liberados anualmente para atmosfera.
O tratamento do chorume, um dos principais passivos do aterro e um problema histórico no entorno da Baía de Guanabara, deve transformá-lo em água de reúso por uma estação de tratamento de chorume, segundo a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). A recuperação do manguezal que contorna o Jardim Gramacho foi outro benefício do projeto. Com uma área de 110 hectares, o local voltou a abrigar inúmeras espécies, como pássaros aquáticos e caranguejos.