Candidatos eleitorais Clara Lopez, Juan Manuel Santos e Enrique Penalosa durante um debate televisivo em Bogotá, na Colômbia (Jose Miguel Gomez)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2014 às 22h56.
Bogotá - Os candidatos presidenciais colombianos Juan Manuel Santos e Óscar Iván Zuluaga se desafiaram mutuamente nesta quinta-feira a dizer "a verdade ao país" sobre os escândalos em suas respectivas campanhas ao discursar no primeiro debate de todos os aspirantes às eleições do próximo domingo.
"Por que não diz a verdade ao país, porque segue evitando essa verdade?", perguntou o presidente-candidato Santos a Zuluaga sobre seus vínculos com o hacker Andrés Sepúlveda, detido pela procuradoria e acusado de fazer intercepções ilegais para sabotar o processo de paz do governo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Zuluaga, do opositor Centro Democrático, respondeu que "deu a cara" sobre esse escândalo e reiterou que o vídeo no qual aparece falando sobre intercepções de inteligência com Sepúlveda é "uma armadilha" e uma "montagem" para prejudicar sua campanha agora que as enquetes o mostram empatado com Santos no primeiro lugar das preferências de voto.
Segundo Zuluaga, o vídeo "é um atentado contra a democracia colombiana" e lembrou que seu advogado apresentou hoje à procuradoria o que considera provas da "montagem".
O candidato do Centro Democrático disse que "jamais" recebeu informação de inteligência obtida por via ilegal, como a que Sepúlveda poderia ter lhe fornecido para torpedear os diálogos de paz que acontecem em Cuba.
"Sempre estive dentro da legalidade, não tenho que recorrer a nada diferente da lei para poder fixar minhas posições", afirmou.
Zuluaga, pupilo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), líder da oposição a Santos, acrescentou que ele gostaria também que o presidente-candidato dissesse a verdade a respeito das denúncias que o publicitário J.J. Rendón, até o início do mês assessor de sua campanha, recebeu US$ 12 milhões de traficantes em 2011 por uma frustrada intermediação perante o governo para submeter-se à Justiça.
"Eu já expliquei ao país", disse Zuluaga sobre seu escândalo, e acrescentou: "Queira que o senhor tivesse essa mesma atitude frente à denúncia real dos US$ 12 milhões. Porque não aproveitamos e explica ao país o que ocorreu?".
Santos respondeu que Uribe, que denunciou a "hipótese" que Rendón tenha fornecido US$ 2 milhões a sua campanha de 2010 para cobrir dívidas, insinuando que esse dinheiro pode vir do narcotráfico, o acusa sem provas.
"Em minha campanha não entrou um só peso do narcotráfico. Eu com os narcotraficantes nem negocio, nem falo, os submeto à Justiça, os capturo e os coloco prisão", respondeu Santos.
O presidente acrescentou que Uribe "não mostrou as provas" da acusação contra sua campanha "porque não as pode mostrar, porque o fato não existiu".
"Se tornou um esporte nacional dessa extrema direita fazer acusações sem fundamentos, deixar o manto de dúvida e nunca apresentar as provas", acrescentou.
No debate, organizado por uma aliança de meios de comunicação e transmitido pelo "Canal RCN", participam também os outros três candidatos: Enrique Peñalosa, da Aliança Verde; Clara López, do esquerdista Polo Democrático Alternativo, e Marta Lucía Ramírez, do Partido Conservador.