O líder das FARC, Timoléon Jiménez, em 25 de maio de 2008, em imagem capturada de vídeo (AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2013 às 16h53.
Bogotá - O presidente Juan Manuel Santos pediu neste domingo ao povo colombiano que não tema o acordo de paz com a guerrilha das Farc, assinalando que tudo será referendado pelos cidadãos.
"É fácil cair no poço do negativismo e da descrença. Alguns gostariam que o país vivesse sempre assim, mas não há que temer a paz porque o processo que estamos liderando é sério e responsável", disse Santos em um ato público.
"Também não há o que temer porque serão vocês, o povo colombiano, que terão a última palavra sobre o que ficar acertado em Havana".
O presidente recordou que na quinta-feira propôs validar um eventual acordo de paz mediante um referendo, e que enviou tal projeto ao Congresso.
A iniciativa busca reformar a lei para que a consulta possa coincidir com as eleições legislativas ou presidenciais de março e maio de 2014, respectivamente, quando Santos não descarta tentar a reeleição.
O máximo líder das Farc, Timoleón Jiménez, rejeitou neste domingo tal proposta e reafirmou a aspiração das Farc de que o acordo de paz seja legitimado por uma Assembleia Constituinte, em carta divulgada no site da guerrilha.
Santos também exortou os colombianos a apoiar o processo de paz, iniciado em novembro de 2012, estimando que "hoje estamos diante da maior possibilidade de paz em toda a nossa história".
Esta é a quarta tentativa de se conseguir um acordo de paz, depois de três experiências fracassadas nos anos 1980, 1990 e 2000.
"Avançamos bastante, como nunca antes, mas precisamos ser realistas, ainda falta muito trabalho por fazer, muito caminho a percorrer. Os colombianos querem avançar rápido e chegar logo a um acordo" de paz com as Farc.
O processo de paz negociado em Havana inclui cinco pontos: política agrária, participação política da guerrilha, drogas ilícitas, abandono das armas e indenização das vítimas.
O governo colombiano e as Farc retomam o diálogo de paz nesta segunda-feira, em Cuba, após a guerrilha decidir fazer uma pausa nas conversações devido à decisão de Santos de submeter o resultado das tratativas a referendo.
A declaração de Santos ocorre um dia após o ataque das Farc que matou 13 homens de uma patrulha do Exército na fronteira entre Colômbia e Venezuela.
A emboscada da guerrilha aconteceu na zona rural de Tame, no departamento de Arauca, e matou dois suboficiais e onze soldados.
As Farc propuseram um cessar-fogo bilateral durante o diálogo em Havana, mas Santos rejeitou a proposta sob o argumento de que poderia ser utilizada pelos rebeldes para se fortalecer militarmente.