Antonis Samaras (e), chefe do partido grego de direita Nova Democracia, e o presidente grego, Carolos Papoulias (Yorgos Karahalis/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2012 às 14h20.
Atenas - O líder da direita, Antonis Samaras, cujo partido Nova Democracia (ND) obteve uma estreita e relativa vitória nas eleições legislativas, começou nesta segunda-feira a trabalhar visando a formação de um governo de unidade nacional para manter a Grécia na Eurozona.
O presidente da Grécia, Carolos Papoulias, disse que era um "imperativo categórico" formar um governo de coalizão a partir desta segunda-feira, ao confiar a Samaras um mandato "exploratório" de três dias.
"Vou tentar formar um governo de salvação nacional com os partidos que acreditam na orientação europeia do país e acreditam no euro", disse Samaras ao sair da reunião com o presidente.
"Acredito que há margem para conseguir isso", acrescentou Samaras, que anunciou consultas com outros partidos e reafirmou que quer "renegociar" o plano de austeridade imposto pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
É preciso negociar para tirar o povo da realidade torturadora do desemprego", disse Samaras.
O partido de Samaras, de 61 anos, superou por pouco o partido da esquerda radical Syriza, dirigido por Alexis Tsipras, de 37 anos.
As autoridades europeias e vários países manifestaram rapidamente seu alívio e sua vontade de seguir apoiando este país de 11 milhões de habitantes, considerado o ponto fraco da Europa.
"Seguiremos apoiando a Grécia como membro da família da União Europeia (UE) e da Eurozona", declararam os presidentes da UE, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, em Los Cabos, México, onde será realizada a reunião do G20.
Já o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, disse nesta segunda-feira que a Alemanha está aliviada após o resultado das eleições, mas pediu para que o novo gabinete seja formado rapidamente.
"Estou muito aliviado pelos resultados das eleições gregas. É um voto pela Europa (...). O imperativo é que se forme rapidamente um novo governo capaz de agir. Trata-se de mais disciplina fiscal, mais crescimento e mais competitividade", disse o ministro em declarações à imprensa.
O Nova Democracia obteve 29,66% dos votos, tomando controle de 129 assentos sobre um total de 300, à frente do Syriza (26,89% e 71 deputados) e dos socialistas do PASOK (12,28% e 33).
ND e PASOK somam 162 deputados, uma maioria suficiente para formar um governo.
As forças que se opõem ao plano de resgate da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) representam pelo menos 121 assentos.
"O ponto principal desta eleição foi a formação de um governo pró-euro. Não há alternativa a uma coalizão entre a direita e os socialistas", disse à AFP o analista Thomas Gerakis, da empresa de pesquisas Marc.
"Trata-se de um voto influenciado pelo medo de sair do euro, não de um apoio real às reformas", disse à AFP o analista político John Louis.
"O governo será fraco, sem grande base popular, o país pode ter apenas um respiro", acrescentou Loulis.
A polarização beneficiou ND e Syriza, particularmente o partido da esquerda radical em detrimento do Partido Comunista (KKE), que sofreu uma baixa histórica.
No entanto, o partido neonazista Amanhecer Dourado repetiu seu resultado de 6 de maio com 18 deputados.
Nas eleições anteriores, no dia 6 de maio, não havia surgido nenhuma maioria capaz de assumir o governo nem de formar uma coalizão, o que provocou a exasperação da UE, que bloqueou uma entrega de 2,6 bilhões de euros.
A Grécia segue à beira da quebra, com todos os indicadores no vermelho: queda de 6,5% do PIB, desemprego de 22,6%, uma hemorragia dos depósitos bancários e o risco de que os cofres fiquem vazios em meados de julho.
O Estado grego tem vencimentos de dívida de 5,6 bilhões de euros (7 bilhões de dólares) para o fim de julho, mas dispõe apenas de 2 bilhões de euros e tem um grande atraso na arrecadação de impostos.
Se Samaras fracassar após o prazo de três dias, o presidente convocará Tsipras, o chefe da esquerda radical, que excluiu qualquer aliança com o ND e prefere ficar na oposição.
Por sua vez, o chefe do PASOK, Evangelos Venizelos, condicionou sua aliança com o Nova Democracia à participação do Syriza e de outros partidos.
Se Venizelos se mantiver nesta posição, haverá um novo bloqueio político com consequências imprevisíveis, consideraram os especialistas.
*Matéria atualizada às 10h24