MATTEO SALVINI: o líder de extrema direita é um dos principais opositores aos imigrantes que chegam ao país (Emmanuel Foudrot/Reuters)
AFP
Publicado em 10 de agosto de 2019 às 13h25.
Última atualização em 10 de agosto de 2019 às 13h27.
O homem forte do governo italiano, Matteo Salvini, está multiplicando comícios e selfies para obter as desejadas eleições antecipadas o mais rápido possível, depois de ter rompido sua coligação, mas está encontrando resistência devido ao risco de estabilidade para a terceira economia da zona do euro.
O líder da Liga ultra-direitista viaja neste sábado para a cidade de Policoro, em Basilicata, sul da Itália, na reta final de uma maratona de comícios na costa do Adriático, que terminará no domingo, na Sicília.
Na sexta-feira, Salvini justificou sua manobra na rede de televisão Rai Uno, declarando-se farto das rejeições de seus ex-parceiros do Movimento 5 Estrelas em questões como a linha de trem de alta velocidade entre Itália e França, durante os 14 meses de aliança.
"Estou em Apulia, me encontro com artesãos, fazendeiros, eles querem um governo que dê segurança aos investidores", disse ele.
Quanto à realização de eleições, nada está claro, pois ainda não se sabe quando, nem com qual governo.
As hipóteses são com um gabinete de técnicos que organize as eleições, ou com o governo atual, de extrema direita, que vá se ocupando dos assuntos correntes até a votação.
A decisão de Salvini irritou o chefe de governo, Giuseppe Conte, que acusa o ministro do Interior de querer tirar proveito de seus bons resultados nas pesquisas, deixando de lado o bem-estar dos italianos.
A crise entre os dois aliados explodiu após uma votação no Senado a favor do polêmico projeto da linha de trem de alta velocidade entre França e Itália, conhecido como TAV, na quarta-feira.
O M5S quis votar contra o projeto, apoiado de forma veemente pela Liga.
Embora o Parlamento esteja de férias, todos os deputados da Liga são convocados para uma reunião na tarde de segunda-feira.
Surpreendido pela virada de 180 graus de seu agora ex-aliado, Luigi Di Maio, chefe do M5S, pretende reunir suas tropas na manhã de segunda-feira.
À tarde, os líderes dos grupos parlamentares do Senado devem se reunir para definir o calendário desta crise sem precedentes.
Se a Itália está acostumada a ver os governos caírem, é a primeira vez que terá que votar no outono (europeu), um período crucial para o debate do orçamento do ano seguinte.
A perspectiva de um longo período de instabilidade assustou os mercados na sexta-feira: o mercado acionário de Milão perdeu cerca de 2,5% e a taxa de juros dos bônus italianos de 10 anos subiu para 1.805%, contra 1.530% no dia anterior.
A reunião do Senado determinará em que data convocará os parlamentares e se a câmara imediatamente examinará a moção de censura apresentada na sexta-feira pela Liga contra o chefe do governo.