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Salmond pede unidade para reconstruir o futuro da Escócia

O primeiro-ministro do governo autônomo da Escócia pediu unidade para reconstruir o futuro da região e exigiu cumprimento de promessa de autonomia


	Alex Salmond: 1,6 milhão de escoceses se pronunciaram a favor da independência
 (Andy Buchanan/AFP)

Alex Salmond: 1,6 milhão de escoceses se pronunciaram a favor da independência (Andy Buchanan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2014 às 11h07.

Londres - O primeiro-ministro do governo autônomo da Escócia e líder independentista Alex Salmond pediu unidade nesta sexta-feira para reconstruir o futuro da região e exigiu aos partidos britânicos que cumpram a promessa de mais autonomia.

Após conhecer a vitória do "não" no referendo de independência, Salmond compareceu perante seus correligionários, que o receberam com uma ovação, para assegurar que "aceita" o veredicto das urnas e pediu aos escoceses que façam o mesmo.

"Aceito o veredicto do povo e chamo toda Escócia para que faça o mesmo e aceite o resultado democrático do povo escocês", disse com solenidade após constatar a derrota do independentismo, com 45% dos votos contra 55% dos unionistas.

Entre os 3,6 milhões de residentes na Escócia que exerceram seu direito ao voto -um recorde absoluto de participação de 84,5% decidiram na consulta da quinta-feira que esta região continue pertencendo ao Reino Unido.

Salmond lembrou hoje, no entanto, que 1,6 milhão de escoceses, quase metade dos eleitores, se pronunciaram a favor da secessão e agradeceu o apoio.

"É importante dizer que nosso referendo foi um processo pactuado e estipulado e que a Escócia decidiu por maioria que, neste momento, não quer se transformar em um país independente", disse.

Salmonda elogiou o processo democrático do referendo e constatou que "outorga um enorme crédito à Escócia".

"Uma participação de 85% é uma das mais elevadas no mundo democrático para qualquer eleição ou referendo", afirmou. "Isto foi um triunfo para o processo democrático e para a participação em política".

Salmond ressaltou também que, descartada a independência, os três grandes partidos do Reino Unido -conservadores, trabalhistas e liberal-democratas- devem cumprir "com rapidez" suas promessas de mais autonomia, que esperam tanto os independentistas como o resto dos escoceses.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, confirmou hoje que será iniciado um processo de transferência de competências fiscais e de gestão de serviços à Escócia, ao mesmo tempo que anunciou uma revisão do sistema de governo autônomo em todo o Reino Unido.

Cameron -que se manteve até quase o final à margem da campanha do "não" pelo receio que seu partido provoca na Escócia- confiou que para novembro seja possível acordar um plano a fim de que a legislação correspondente esteja redigida em janeiro de 2015.

Apesar da mensagem unificadora de Salmond, a sociedade escocesa ainda deve se recuperar do trauma e inevitáveis atritos surgidos durante a campanha do referendo.

Muitas ruas na Escócia amanheceram hoje em silêncio e sem as bandeiras e palavras de ordem que nos últimos dias tinham enfeitado janelas, balcões e lapelas.

Em Glasgow, a maior cidade escocesa e que votou "sim", Josh Brown, ativista de "Independência Radical", se confessava "destroçado" pela derrota, embora tenha elogiado o movimento social nascido da campanha independentista.

"Construímos na Escócia um movimento que inspirou os mais pobres e a classe trabalhadora a lutar por um futuro melhor", declarou à Agência Efe. "Seguiremos lutando", acrescentou.

Os partidários do "não" mantinham em geral a discrição por respeito a seus compatriotas e avaliavam "os esforços que puseram em uma excelente campanha", apontava Sam Hill, que trabalha com hotelaria em Edimburgo.

Salmond pediu aos escoceses, no dia em que "é preciso unificar Escócia", que não lamentem o que foi perdido, mas avaliem o que ganharam.

"Não nos preocupemos com o que faltou, mas com a distância que percorremos, e tenhamos confiança de que é grande na Escócia o movimento que vai levar esta nação para frente", manifestou.

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