Protestos: entre 15.000 e 25.000 manifestantes, segundo a Polícia e os organizadores, pediram uma "revolução dos transportes" (picture alliance/Getty Images)
AFP
Publicado em 14 de setembro de 2019 às 17h01.
Última atualização em 14 de setembro de 2019 às 17h03.
Milhares de ambientalistas marcharam neste sábado (14) em Frankfurt para expressar seu repúdio ao renomado Salão do Automóvel alemão.
Entre 15.000 e 25.000 manifestantes, segundo a Polícia e os organizadores, pediram uma "revolução dos transportes", ponto culminante deste protesto de magnitude inédita.
A maioria chegou ao local de bicicleta, saindo de várias cidades da região, usando os trechos de autoestradas fechados para a ocasião.
"O salão do automóvel representa o século passado", disse à AFP Christoph Bautz, diretor do grupo Campact, que co-organizou a manifestação. "Queremos que o futuro seja dos ônibus, dos trens e das bicicletas. Não queremos mais caminhonetes grandes e carros que consomem muito!".
"Queremos uma revolução dos meios de transporte", revindicou Tina Velo, dando um pseudônimo, porta-voz do coletivo "Sand im Getriebe", que convocou para o domingo o bloqueio do Salão.
Tina Velo representa o braço mais radical do movimento ambientalista alemão, aqueles dispostos a empreender ações ilegais para chamar a atenção.
Esta combinação de atos legais e ilegais é o modus operandi do movimento de defesa do clima, em pleno auge na Europa e que agora ataca uma indústria intocável durante muito tempo devido à sua importância para a economia alemã.
O setor se debilitou desde o escândalo, em 2015, dos motores a diesel da Volkswagen, equipados com um programa que fraudava as medições de poluentes.
Os temas relacionados às mudanças climáticas suscitam grande interesse da opinião pública e os ecologistas aproveitam os ventos favoráveis.
Na terça-feira, assim que foram abertas as portas do evento à imprensa, começaram os protestos no Salão de Frankfurt. Vinte ativistas do Greenpeace, vestindo jaquetas verdes, encheram um balão preto gigante com a inscrição "CO2".
"A indústria automobilística continua sem entender a crise do clima. Ao invés de aplaudir aqui os SUV (4x4) que consomem muito combustível, os construtores devem acabar com esses tanques urbanos e com os motores a combustão", declarou à AFP Benjamin Stephan, ativista da ONG.
O grupo também se manifestou na quinta-feira no estande da Volkswagen e da BMW durante visita da chanceler alemã, Angela Merkel, à feira. Vários manifestantes subiram em veículos SUV e exibiram cartazes com a frase "Assassinos do clima".
Fahrräder haben die Autobahn übernommen. Die Sternfahrt zur #IAA19 führt über die #A661 in Richtung Messegelände. Eine zentrale Ader für den Autoverkehr nach Frankfurt ist dicht. #aussteigen @ZDFheute pic.twitter.com/MNNulkwZ5F
— ZDF Hessen (@ZDFhessen) September 14, 2019
Na Alemanha ergueram-se vozes pedindo a proibição destes veículos no centro das cidades depois que um deles subiu em uma calçada na semana passada, matando quatro pedestres.
"É preciso deixar a gasolina e o diesel, abandonar o motor de combustão e reduzir o número de carros", enumera Neubauer.
Na Europa se propagam como rastilho de pólvora iniciativas como a do coletivo "Fridays for Future" (Sextas para o Futuro) e a rede europeia Extinction Rebellion (Rebelião contra a Extinção). Costumam bloquear um lugar por algum tempo. Na Alemanha, o grupo "Ende Gelände" conseguiu em junho ocupar e interditar temporariamente uma mina de carvão.
"A indústria do automóvel está sob pressão, já não tem o apoio da sociedade como anos atrás", conclui Tina Velo.
Police officers approach a @Greenpeace activist standing on top of a displayed car while holding a placard reading 'Climate Killer' during the International Motor Show (#IAA) in Frankfurt, Germany. 📷 epa-efe / Ronald Wittek#IAA2019 #IAA19 #Greenpeace #epaphotos #photojournalism pic.twitter.com/WyXx5MN2PX
— EPA Images (@EPA_Images) September 13, 2019