Tensão: manifestantes anti-Brexit protestam do lado de fora do Parlamento em Londres. (Toby Melville/Reuters)
Vanessa Barbosa
Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 12h12.
São Paulo - Na esteira da rejeição do parlamento britânico ao acordo do Brexit negociado pela primeira-ministra Theresa May, uma surpresa: o apoio à permanência do Reino Unido na União Europeia (UE) saltou para o seu nível mais alto desde o referendo de 2016.
Uma nova pesquisa do instituto YouGov revela que 56% dos eleitores escolheriam permanecer no bloco, se tivessem a chance de votar em um novo referendo. Apenas 44% disseram que votariam a favor da saída.
A vantagem de 12 pontos para a permanência na UE é três vezes maior do que a margem de quatro pontos que levou à vitória do "sair" no referendo de 2016.
Na ocasião, 52% dos eleitores britânicos votaram a favor do Brexit contra 48% daqueles que queriam a permanência britânica no bloco econômico.
Questionados sobre se apoiariam a realização de um novo referendo, 56% se declaram favoráveis à ideia e 44% contrários, excluindo-se os indecisos.
A pesquisa com 1000 pessoas foi realizada após a votação do Brexit na última terça-feira, quando o parlamento britânico impôs uma derrota histórica ao Brexit de Theresa May.
Apesar da expressiva rejeição ao acordo, a primeira-ministra ganhou um voto de confiança para permanecer no comando do governo, após sobreviver à "moção de censura" proposta pela oposição.
Agora, May tem até a próxima segunda-feira (21) para apresentar uma alternativa ao parlamento (que avaliará o plano "B" no dia 29), o que não será fácil.
Como a própria primeira-ministra apontou, os parlamentares que estão unidos em oposição ao seu acordo não estão unidos na proposta de uma alternativa para deixar a UE.
Percepção pública sobre o governo
O resultado da moção está em sintonia com os desejos do povo britânico: a maioria das pessoas (53%) também não quer que o atual governo seja derrubado, ante 38% que apoiam a saída de May, aponta uma pesquisa da consultoria Sky Data.
Mas o povo está preocupado com os efeitos do "limbo" em que o Reino Unido se encontra há mais de dois anos, com cerca de seis em dez britânicos (61%) afirmando que o Estado está em crise.
Esse quadro já tira a "paz" de muita gente. Uma pesquisa da Headspace British State of Mind indica que dois terços dos britânicos estão mais estressados do que há cinco anos, com um terço das pessoas citando assuntos atuais como aquecimento global, poluição e o Brexit como uma fonte considerável desse estresse.
É a incerteza política traduzindo-se em tempos de ansiedade para os britânicos.