Jovem vestindo saia enfrenta manifestantes contrários ao movimento, em colégio de Nantes: iniciativa, que luta contra o sexismo, provocou a ira de opositores ao casamento gay (AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2014 às 17h35.
Um convite feito aos meninos de algumas escolas de ensino médio da cidade francesa de Nantes tem causado polêmica no país: ir às aulas usando saias, na próxima sexta-feira.
A iniciativa, que tem por objetivo lutar contra o sexismo, provocou a ira de opositores ao casamento homossexual - que pedem que a secretaria de Educação do município cancele a atividade.
Questionado sobre o assunto no Congresso, o ministro da Educação, Benoît Hamon, denunciou as "mentiras lançadas por organizações radicais" e o porta-voz do governo, Stéphane Le Foll, desqualificou a discussão.
"Usar a saia não é o objetivo desta ação", informou a secretaria de Educação de Nantes. "Nós nunca pedimos para que os meninos viessem de saia", acrescentou o porta-voz.
No comunicado enviado à imprensa sobre o lançamento da operação "Ce que soulève la jupe" ("Por baixo da saia", na tradução livre), a secretaria explica que trata-se de "convidar meninas e meninos, alunos e adultos, a passarem um 'dia de festa' usando uma saia ou um adesivo 'eu luto contra o sexismo, e você?'".
Iniciada por alunos eleitos como representantes no corpo acadêmico das escolas de ensino médio, o dia de luta foi proposto por 27 escolas do total de 220 existentes em Nantes.
A operação consiste "principalmente num momento de troca sobre as discriminações sexistas e as eventuais formas de remediá-las no dia-a-dia das escolas", explicou o porta-voz da secretaria de Educação. "Trata-se de abordar as questões de respeito e de igualdade de oportunidades".
"Na primeira edição, em abril de 2013, sobretudo as meninas vieram de saia, até mesmo de maneira simbólica, só usando a peça em cima de uma calça", conta o porta-voz da secretaria. "Entre os poucos meninos que aderiram, alguns optaram por usar kilts".
Além do movimento nacional de oposição ao casamento homossexual "Manif pour tous", os grupos locais "Nantes pela Família" e "As Sentinelas" também pediram um ato de protesto pacífico nesta sexta-feira 16 de maio num dos colégios onde o 'saiaço' deve ocorrer.