Entrada de Auschwitz (Christopher Furlong/Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 12 de abril de 2018 às 16h19.
Última atualização em 19 de abril de 2018 às 09h57.
São Paulo - Uma sirene de dois minutos soou hoje em Israel para o Dia da Lembrança do Holocausto, ou Yom HaShoá, em hebraico. A recordação do extermínio de judeus pela Alemanha nazista ocorre todos os anos no país e, em 2018, a data foi celebrada neste 12 de abril com uma série de eventos.
"Lembrar para jamais esquecer" tornou-se um mote dos movimentos em memória às vítimas do Holocausto. Porém, em tempos marcados pela movimentação de líderes nacionalistas que fomentam discriminação e ódio e até mesmo por sinais preocupantes de antissemitismo no mundo, as lembranças desse período obscuro da história parecem estar caindo no esquecimento.
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos e divulgada hoje constata que há lacunas críticas tanto na conscientização dos fatos básicos quanto no conhecimento detalhado do Holocausto, especialmente entre a chamada geração millennial, que engloba pessoas de 18 a 34 anos de idade.
Quase um terço de todos os americanos (31%) e mais de 4 em cada dez millennials (41%) acreditam que "dois milhões ou menos" de judeus foram mortos durante o Holocausto, quando a estimativa de historiadores é de quase o triplo, entre 5 milhões e 6 milhões.
Embora houvesse mais de 40.000 campos de concentração e guetos na Europa durante o Holocausto, quase metade dos americanos (45%) não consegue nomear um único - e esse percentual é ainda maior entre os millennials (66%). Nem mesmo o maior simbolo desse período obscuro, a máquina de morte de Auschwitz, com suas câmeras de gás, foi lembrado.
Além disso, uma maioria significativa de adultos americanos (70%) acredita que menos pessoas se preocupam com o Holocausto hoje do que no passado, e mais da metade dos americanos (58%) acredita que o Holocausto poderia acontecer novamente.
O estudo foi encomendado pela Conferência sobre Reivindicações Materiais dos Judeus e os dados foram coletados e analisados pela Schoen Consulting.
A pesquisa, conduzida entre 23 e 27 de fevereiro, entrevistou 1.350 adultos americanos por telefone ou online, e tem uma margem de erro de mais ou menos três pontos percentuais. Os millennials representam 31% da amostra, e os resultados para esse grupo têm uma margem de erro de mais ou menos cinco pontos percentuais.
O levantamento também mostrou que há um amplo consenso de que as escolas devem ser responsáveis por fornecer uma educação abrangente sobre o Holocausto.
Estima-se que atualmente existam cerca de 400 mil sobreviventes do Holocausto no mundo, muitos na faixa dos 80 a 90 anos. Há uma grande preocupação de quando todos essas vítimas faleceram, também sumam com elas testemunhos valiosos e viscerais sobre aquele momento histórico.
Por isso, vários museus e memoriais pelo mundo buscam desenvolver técnicas para manter viva essa memória, como o uso de gravações dos testemunhos.
"Este estudo ressalta a importância da educação sobre o Holocausto", disse em nota Greg Schneider, vice-presidente executivo da Conferência sobre Reivindicações.
“Ainda existem lacunas preocupantes na consciência do Holocausto enquanto os sobreviventes ainda estão conosco; imagine quando não houver mais sobreviventes aqui para contar suas histórias. Devemos nos empenhar em garantir que os horrores do Holocausto e a memória daqueles que sofreram tanto sejam lembrados, contadas e ensinadas às gerações futuras”.