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Rússia sem Putin, o grito de guerra da nova oposição russa

Em 4 de fevereiro, mais de 100 mil pessoas responderam pela terceira vez ao chamado da oposição para um ato no Kremlin, no centro de Moscou

Em caso de fraude, o que alguns inclusive já dão por certo, a oposição ameaça acampar a partir de 5 de março seguindo o exemplo da Revolução Laranja ucraniana de 2004 (Olga Maltseva/AFP)

Em caso de fraude, o que alguns inclusive já dão por certo, a oposição ameaça acampar a partir de 5 de março seguindo o exemplo da Revolução Laranja ucraniana de 2004 (Olga Maltseva/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2012 às 18h22.

Moscou - 'Rússia sem Putin' é o grito de guerra da nova oposição russa, que se mobilizou sob o lema 'Por eleições limpas' para impedir uma fraude nas eleições presidenciais do próximo domingo, como a que foi denunciada nas parlamentares de dezembro.

'Os russos despertaram de sua letargia política. Pela primeira vez em muitos anos, acreditam que é possível viver sem (o primeiro-ministro, Vladimir) Putin', disse à Agência Efe Sergei Udaltsov, um dos líderes da oposição radical ao Kremlin.

Até há pouco tempo dirigente de um movimento quase marginal, a Frente de Esquerda, que poderia aspirar a um lugar no Guinness Book pelo número de suas detenções, ele tenta agora se manter na crista da maior onda de protestos antigovernamentais desde a queda da União Soviética.

Em 4 de fevereiro, mais de 100 mil pessoas responderam pela terceira vez ao chamado da oposição para um ato no Kremlin, no centro de Moscou, para exigir das autoridades eleições presidenciais limpas e profundas reformas políticas.

A oposição argumenta que os russos não suportarão outros seis anos de mandato presidencial de Putin sem mudanças na 'vertical de poder', a pirâmide política de comando criada pelo atual premiê a partir de 1999.

'O 'putinismo' já não pode solucionar os problemas aos quais o país enfrenta e satisfazer as necessidades de seus cidadãos', considera Udaltsov.

As tímidas reformas antecipadas pelo presidente em fim de mandato, Dmitri Medvedev, já revisadas por Putin, não satisfazem os participantes dos protestos: os profissionais liberais e os universitários.

Trata-se de modificar a legislação eleitoral e o registro de partidos, restabelecer a eleição dos governadores, reduzir os poderes do chefe do Estado e libertar os presos políticos.


'O sistema está em crise. O problema é que são necessárias mudanças urgentes e os atuais dirigentes demonstraram que não são, em nenhum caso, reformistas', afirmou Ruslan Jasbulátov, ex-presidente do Parlamento russo.

A força - e também a fraqueza - da nova oposição está no fato de o movimento de protesto ser mais moral do que político e ter como líderes mais proeminentes escritores, poetas, jornalistas e roqueiros.

Como consequência, não tem um programa ou plano concreto e apenas suas reivindicações permitem vislumbrar o caminho pelo qual dirigiria a Rússia nos próximos anos.

Sua primeira demanda é anular os resultados das eleições legislativas de dezembro, nas quais o partido de Putin, Rússia Unida, teria manipulado os resultados para conseguir a maioria na Duma, a Câmara dos Deputados.

Em seguida, os dirigentes dos protestos falam de um processo de transição política com a participação de todos os partidos políticos, incluindo os não representados no Parlamento.

Uma vez impostas as novas regras do jogo, haveria novas eleições parlamentares e presidenciais, nas quais a oposição e seus novos líderes poderiam concorrer em pé de igualdade com os atuais dirigentes.

Enquanto isso, a oposição admite que a vitória de Putin é inevitável, embora considere que a melhor coisa para a estabilidade do país seria um segundo turno.

Em caso de fraude, o que alguns inclusive já dão por certo, a oposição ameaça acampar a partir de 5 de março seguindo o exemplo da Revolução Laranja ucraniana de 2004, que levou as autoridades do país a repetirem as eleições presidenciais.

'O movimento de protesto tem futuro. As pessoas não protestam porque têm fome, mas porque lhes privaram de seus direitos fundamentais, como escolher livremente seus representantes', afirmou à Efe Lyudmila Alexeyeva, veterana ativista desde os tempos da União Soviética. 

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