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Rússia retoma ataques em nova ofensiva para tomar o leste da Ucrânia

Segundo o próprio governo de Vladimir Putin, vários equipamentos de defesa aérea da Ucrânia foram destruídos

 (ARIS MESSINIS / Colaborador/Getty Images)

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EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de abril de 2022 às 18h57.

A Rússia voltou a atacar a Ucrânia neste final de semana em mais uma ofensiva para destruir as defesas ucranianas e tomar o leste do país. Segundo o próprio governo de Vladimir Putin, vários equipamentos de defesa aérea da Ucrânia foram destruídos, no que parece ser um novo esforço, antes de seguir para o leste, para ganhar superioridade aérea e excluir armas vistas como cruciais para a resistência.

No comunicado, Moscou descreve que destruiu quatro lançadores S-300 fornecidos à Ucrânia por um país europeu não nomeado. A Eslováquia deu à Ucrânia exatamente esse sistema na semana passada, mas negou que ele tenha sido destruído. O chefe do gabinete presidencial da Ucrânia, Andri Iermak, também negou a destruição e chamou a alegação russa de "operação falsa".

A falta da superioridade aérea prejudicou os russos na primeira estratégia de guerra - de derrubar o governo de Kiev - porque diminuiu a cobertura aérea para as tropas terrestres, limitando seus avanços e provavelmente as expondo a maiores perdas, segundo analistas de guerra ocidentais.

Com sua ofensiva em muitas partes do país frustrada, as forças russas confiam cada vez mais no bombardeio de cidades para tomar áreas que ainda não controla na região de Donbas e solidificar seu domínio na região costeira do sul, de Kherson a Mariupol. Na sexta-feira passada, 8, uma estação de trem foi bombardeada na cidade de Kramatorsk, no leste, e ao menos 57 pessoas morreram.

As pessoas que permanecem em Kramatorsk após o bombardeio temem que em breve sejam isoladas pela guerra, como os moradores de Kharkiv e Mariupol, duas outras cidades que foram atacadas pelas forças russas de forma intensa. O ataque parece inevitável pela posição estratégia da cidade: tomar Kramatorsk dividiria parcialmente as forças ucranianas que lutam nas regiões separatistas do leste, onde a Rússia se consolida.

Segundo uma reportagem do New York Times, Kramatorsk está deserta após o bombardeio da sexta-feira. A maioria das pequenas lojas foi fechada, algumas mercearias permanecem abertas e a praça da cidade, antes movimentada durante os primeiros dias da primavera, está deserta.

Um aeroporto na cidade central de Dnipro também foi bombardeado; e, na cidade de Kharkiv, mais de 60 ataques foram registrados no fim de semana. Todas estas são vistas como cidades-chave para a estratégia da Rússia.

Em Izium, na região de Kharkiv, autoridades militares e locais da Ucrânia dizem que a Rússia montou o principal ponto de preparação e lançamento militar para o ataque ao que resta do território ucraniano na região. Izium pode servir de eixo para essas tropas por ficar no nordeste, entre Donbas e Mariupol, e a leste de Dnipro.

Outra cidade sob ataque russo é Mariupol, no sul da Ucrânia, que sofre bombardeios desde o início da guerra, em fevereiro, e tem o seu pior cenário. Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, à medida que o combate continua em Mariupol, as forças russas podem usar munições de fósforo.

O Reino Unido apontou para o uso anterior de tais armas pelos russos na região de Donetsk. Em resposta, a Rússia disse que "nunca violou convenções internacionais".

Munições de fósforo branco são usadas por militares em todo o mundo para criar cortinas de fumaça e marcar alvos. Mas quando usados como arma, eles podem fazer chover fogo do céu. "O fósforo branco pode queimar as pessoas até os ossos, arder dentro do corpo e reacender quando os curativos são removidos", segundo a Human Rights Watch.

Defesa

Enquanto a Rússia começa a realizar os ataques no leste, a Ucrânia mobiliza milhares de soldados para se defender, segundo o anúncio do presidente Volodmir Zelenski nesta segunda-feira, 11. Em Izium, militares ucranianos afirmam ter destruído tanques veículos e equipamentos de artilharia russos.

Em Mariupol, combatentes ucranianos resistem e continuaram lutando, apesar de estarem cercados por semanas sob bombardeio pesado.

Ataques vão continuar durante negociações de paz

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou nesta segunda-feira, 11, que a Rússia não vai interromper a operação militar na Ucrânia durante as próximas rodadas de negociações de paz. A declaração foi dada em entrevista ao canal de TV estatal Rossiya 24.

Lavrov disse que o presidente Vladimir Putin ordenou a suspensão temporária da ação militar durante a primeira rodada de negociações entre as delegações russa e ucraniana no final de fevereiro, mas que Moscou mudou sua posição.

"Depois que nos convencemos de que os ucranianos não planejavam retribuir [a pausa], foi tomada a decisão de que, durante as próximas rodadas de negociações, não haveria pausa até que um acordo final fosse alcançado e assinado", disse Lavrov.

Ele acrescentou que a Rússia pretende continuar o processo de negociação com a Ucrânia. "Não vejo motivos para não podermos continuar [as negociações]. Mesmo que o lado ucraniano continue torcendo e às vezes fazendo 180 voltas, rejeitando o que se propôs, por exemplo, alguns dias atrás", disse Lavrov. "Mas somos pessoas pacientes e insistentes."

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