Habitantes da Crimeia comemoram em Simferopol resultado de referendo: região pode virar refúgio de cassinos (Dimitar Dilkoff/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2014 às 00h00.
Moscou - Oficiais russos estão ponderando uma proposta para criar uma zona de apostas com cassinos e hotéis na Crimeia, a península do Mar Negro que foi anexada da Ucrânia, de acordo com quatro pessoas que têm conhecimentos diretos do planejamento.
Os oficiais discutiram a opção em uma reunião no dia 21 de março conduzida pelo primeiro-ministro suplente Dmitry Kozak, disseram as pessoas, que solicitaram o anonimato porque as informações são confidenciais. Os ministérios russos da economia, das finanças e do desenvolvimento regional têm até o dia 15 de abril para apresentar o projeto com estimativas de gastos e de receita, disseram.
A Rússia está tentando fazer com que a Crimeia seja menos dependente do orçamento estatal. A região pode ter um déficit fiscal de cerca de 55 bilhões de rublos (US$ 1,5 bilhão) neste ano, que a Rússia planeja cobrir plenamente, disse o ministro das finanças Anton Siluanov, em entrevista à televisão estatal na semana passada. A Rússia tinha um excedente orçamentário de 30,5 bilhões de rublos, ou 0,3 por cento da produção econômica, nos dois primeiros meses de 2014, de acordo com dados do ministro das finanças.
A Rússia pode direcionar pelo menos US$ 2,8 bilhões de reservas do orçamento emergencial neste ano para subsidiar a Crimeia e a cidade portuária Sevastopol, sede da frota russa do Mar Negro, disseram anteriormente duas outras pessoas familiarizadas com os planos.
Sem demora
O governo pode utilizar de 100 bilhões de rublos a 130 bilhões de rublos de um colchão de proteção contra crises previsto no orçamento, que inclui as economias de pensão russas, disseram as duas pessoas. A quantidade pode chegar a 260 bilhões de rublos para elevar as pensões e os salários estatais aos níveis russos, disse uma delas.
O presidente Vladimir Putin, enfrentando a perspectiva econômica mais fraca desde 2009 e os fluxos de saída de capital no primeiro trimestre que podem exceder o nível de todo o ano passado, desafiou as ameaças de sanções dos EUA e da União Europeia por absorver a Crimeia, uma região com maioria de habitantes que falam russo. Putin ordenou na semana passada que as pensões da Crimeia sejam aumentadas “sem demora”.
Caso a área de apostas na Crimeia seja criada, ela será parte de uma zona econômica especial, que oferece redução de impostos às empresas locais, de acordo com as pessoas. O primeiro-ministro Dmitry Medvedev ordenou que os ministérios desenvolvam planos para o desenvolvimento da Crimeia depois de uma reunião no dia 24 de março. Sua porta-voz, Natalya Timakova, não quis comentar os planos que estão sendo considerados.
Estímulo econômico
Ilya Djous, porta-voz de Kozak, não quis comentar se há uma ordem para que os ministros trabalhem em propostas para criar uma zona de apostas. Medvedev nomeou Kozak para coordenar os trabalhos na Crimeia.
“Todas as propostas para estimular a economia estão sendo consideradas”, disse Djous por telefone, ontem. “Elas serão divulgadas quando a decisão for tomada”.
A Rússia proibiu as apostas em todo o país a partir de 2009, exceto em áreas designadas em quatro regiões: Krasnodar, perto da Crimeia no sudoeste; o enclave Caliningrado, entre a Polônia e a Lituânia; Altai, na fronteira com o Cazaquistão, e Vladivostok, no litoral do Pacífico. O único resort operacional é Azov, na região de Krasnodar, e construções estão sendo realizadas nos demais lugares.
A restrição aos cassinos se originou em uma campanha contra os vícios, que incluiu medidas para reduzir o fumo e o consumo de bebidas alcoólicas entre menores.
Putin rejeitou uma proposta para levar as apostas a Sochi como uma fonte de renda rápida depois que a cidade do Mar Negro sediou as Olimpíadas de Inverno. Sochi deve continuar sendo um ressorte familiar, disse o presidente aos moradores no mês passado.