Televisão mostra o ex-agente da NSA Edward Snowden durante um boletim de notícias no aeroporto Sheremetyevo, em Moscou: secretário de Estado americano pediu a seu colega russo que faça "o correto" no caso de Snowden (Tatyana Makeyeva/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2013 às 14h48.
Moscou - O Ministério da Justiça da Rússia afirmou nesta quinta-feira que não recebeu dos Estados Unidos nenhuma reivindicação de extradição ou deportação de Edward Snowden, o ex-técnico da CIA reclamado pela Justiça americana.
"O Ministério da Justiça da Rússia recebeu uma carta do secretário de Justiça dos EUA, Eric Holder, no qual foram expostos alguns aspectos da postura americana sobre o assunto do status de Edward Snowden", informou o departamento em comunicado oficial reproduzido pelas agências locais.
A nota destaca que "dito documento não contém reivindicações de extradição ou deportação da pessoa em questão".
O jornal russo "Kommersant" informou hoje que Washington entregou um pedido oficial a Moscou para que envie Snowden de volta aos Estados Unidos, perante a ausência de um acordo de extradição entre ambos os países.
Fontes oficiais americanas disseram ao jornal que os EUA advertiram o Kremlin de que a concessão de asilo ao ex-técnico da CIA repercutiria negativamente nas relações bilaterais.
Com relação a isso, o embaixador dos EUA em Moscou, Michael McFaul, disse hoje no Twitter que seu país não pede a extradição, mas "simplesmente o retorno do Senhor Snowden".
O advogado russo Anatoli Kucherena, assessor legal de Snowden, acusou hoje os EUA de desprezarem os direitos humanos com a insistência na entrega do fugitivo, que está confinado na zona de passagem do aeroporto moscovita de Sheremetievo.
"Tal postura dos políticos e diplomatas dos EUA demonstra que eles não se importam com os direitos e as liberdades fundamentais do seu humano", disse Kucherena à agência "Interfax"
Em sua opinião, a atitude de Washington "é absolutamente inadmissível em relação a uma pessoa que pediu asilo temporário", o que "não está de acordo com os princípios básicos de liberdade e democracia que o Governo dos EUA sempre disse defender".
"Eles chegaram ao ponto de exigir que a Rússia coloque Edward em um avião para enviá-lo a Washington, por assim dizer, como um objeto qualquer", apontou.
Kucherena destacou que "neste caso, a parte russa atua exclusivamente no marco das normas internacionais".
O advogado se reuniu mais uma vez com Snowden na zona de passagem do aeroporto moscovita de Sheremetievo, onde o fugitivo se encontra confinado desde 23 de junho.
"Para ele interessava sobretudo saber em que estado de tramitação se encontra sua solicitação de asilo temporário. Certamente que ele ficou decepcionado, mas disse que está disposto a ter paciência e esperar por uma reposta positiva", comentou.
Ontem, quando completou uma semana desde que Snowden solicitou formalmente asilo na Rússia, foi informado que o jovem já tinha recolhido seus pertences e que cruzaria a fronteira e seria um homem livre.
No entanto, Snowden não recebeu o recibo de solicitação de asilo por parte do Serviço Federal de Migração (SFM) da Rússia, um certificado imprescindível para abandonar a zona de passagem do aeroporto da capital russa.
Kucherena explicou que a solicitação de asilo de Snowden emperrou com a burocracia russa, embora tenha se mostrado convencido de que a "situação se resolverá em breve".
O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu ontem por telefone a seu colega russo, Sergei Lavrov, que faça "o correto" no caso de Snowden, ao mesmo tempo em que assegurou que se o ex-técnico voltar aos EUA, "terá um jugalmento justo".