Lakhdar Brahimi: a Chancelaria russa considera que as decisões da Liga Árabe "são contraditórias e inconsistentes, já que o governo da Síria foi e é o representante oficial de um Estado membro da ONU". (©afp.com / STR)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2013 às 14h22.
Moscou - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, pôs em dúvida nesta quinta-feira a permanência de Lakhdar Brahimi como mediador internacional para a Síria após a Liga Árabe aceitar a adesão da principal aliança opositora síria.
"Surgem grandes dúvidas sobre o mandato de Lakhdar Brahimi, que até a cúpula de Doha era o representante da Liga Árabe e a ONU para promover os contatos entre o governo e a oposição síria", disse Lavrov, citado pelas agências locais.
Lavrov ressaltou que, após a XXIV Cúpula da Liga Árabe na qual esse órgão cedeu à Coalizão Nacional Síria (CNFROS) o assento de Damasco, que foi suspenso como membro em 2011, não vê como Brahimi pode continuar exercendo seu cargo.
Em sua opinião, "a Liga Árabe renunciou ao processo de paz, e a decisão de que o CNFROS é o único representante legítimo do povo sírio apaga todos os esforços, incluído o Acordo de Genebra de 30 de julho do ano passado, entre os quais havia países da Liga Árabe".
"Se tenta decidir o destino da Síria fora de suas fronteiras em reuniões entre representantes de países estrangeiros e a oposição síria no exterior e se ignora completamente a opinião daqueles que pensam que o governo e a oposição interna também representam alguém. Isto nos preocupa", afirmou.
Lavrov considera que, desta forma, para a Liga Árabe o regime de Assad e as demais estruturas opositoras que operam em território sírio são ilegais.
Além disso, pôs em dúvida a legalidade da decisão da organização pan-árabe, argumentando que para expulsar um dos países-membros seria necessário consenso, quando Argélia e Iraque se opuseram e o Líbano se absteve.
A Chancelaria russa considera que as decisões da Liga Árabe "são contraditórias e inconsistentes, já que o governo da Síria foi e é o representante oficial de um Estado membro da ONU".
Na resolução final da cúpula de Doha, os países árabes defenderam seu direito de "prestar os meios de autodefesa, incluindo o militar, para apoiar o povo sírio e o Exército Livre Sírio (ELS)".