Agência de Notícias
Publicado em 5 de março de 2025 às 11h35.
A Rússia finalizou a emissão de 3,5 milhões de passaportes para cidadãos ucranianos que vivem nas províncias anexadas de Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporíjia, informaram funcionários do governo nesta quarta-feira, 5, referindo-se ao plano russo amplamente denunciado pela Ucrânia como uma tentativa ilegal de apagar a identidade ucraniana da região.
Moscou insta os cidadãos ucranianos que vivem nas províncias a sul e leste do país que se tornem cidadãos russos desde o início da guerra lançada contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022. A pressão aumentou após a anexação formal — por meio de referendos questionados internacionalmente — das províncias pela Rússia, embora não detenha o controle de 100% dos territórios.
O número de 3,5 milhões de passaportes emitidos foi mencionado pelo ministro do Interior da Rússia, Vladimir Kolokoltsev, após uma reunião no ministério com participação do presidente russo, Vladimir Putin.
"No ano passado a 'passaportização' dos moradores das áreas liberadas das Repúblicas de Luhansk e Donetsk [e as regiões de Kherson e Zaporizhzhya] se completou praticamente em sua totalidade", indicou o presidente Vladimir Putin na reunião em Moscou.
Antes mesmos da ofensiva em grande escala contra a Ucrânia, a Rússia oferecia cidadania facilitada aos residentes de partes de Donetsk e Luhansk que estavam sob o controle de separatistas apoiados por Moscou. Quem se nega a receber o passaporte enfrenta restrições de mobilidade e dificuldades para acessar serviços públicos, como atenção médica e educação fornecidos pelas autoridades impostas pela Rússia. Os ucranianos que não obtêm passaporte russo são considerados cidadãos estrangeiros.
Kiev qualifica o processo de "ilegal" e de uma "grave violação da soberania". Governos ocidentais também rechaçam a prática, bem como grupos de direitos humanos. A União Europeia não aceita tais passaportes como documentos de viagem legítimos.