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Rússia está perto de concluir míssil nuclear hipersônico, diz Putin

Putin diz que seu novo míssil é altamente manobrável, o que permite que escape de sistemas de defesa antimísseis facilmente, e tem alcance "ilimitado"

Putin: o presidente russo mantém um tom bélico em suas declarações (Maxim Shemetov/Reuters)

Putin: o presidente russo mantém um tom bélico em suas declarações (Maxim Shemetov/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de dezembro de 2018 às 18h51.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, informou nesta quarta-feira, 26, que a Rússia concluirá seu primeiro grupo de mísseis nucleares hipersônicos no ano que vem, dizendo que a medida significa que seu país agora tem um novo tipo de arma estratégica.

Putin discursou após supervisionar o que o Kremlin diz ter sido um teste prévio do novo sistema, chamado Avangard. "Esse teste, recém-encerrado, terminou com sucesso completo", disse Putin em uma reunião de governo.

"A partir do próximo ano, 2019, as Forças Armadas da Rússia receberão o novo sistema estratégico intercontinental Avangard... é um grande momento na vida das Forças Armadas e na vida do país. A Rússia obteve um novo tipo de arma estratégica".

Moscou disse que o novo sistema, uma de várias armas novas que Putin anunciou em março, é altamente manobrável, o que permite que escape de sistemas de defesa antimísseis facilmente.

Putin observou o teste desta quarta-feira remotamente a partir de Moscou. O Kremlin descreveu que o teste, dizendo que um míssil Avangard disparado de um local no sudoeste russo atingiu e destruiu com sucesso um alvo no extremo leste do país.

Em março Putin anunciou uma série de novas armas, inclusive o Avangard, num de seus discursos mais belicosos em anos, dizendo que ele é capaz de atingir quase qualquer ponto do globo e escapar de um escudo de mísseis montado pelos Estados Unidos.

Em março, Putin disse que seu país estava desenvolvendo apresentou novas armas nucleares, incluindo um míssil de cruzeiro e um drone submarino, ambos de propulsão nuclear, que seriam imunes aos sistemas de detecção inimigos.

Durante seu discurso sobre o estado da nação, o dirigente explicou que o míssil testado em 2017 tem "alcance praticamente ilimitado", chega a uma grande velocidade e pode entrar em qualquer sistema antimísseis, transformando o escudo americano em algo "inútil".

O drone submarino tem capacidade para transportar uma ogiva nuclear e poderia alcançar tanto porta-aviões quanto instalações costeiras. A Rússia apresentou também novos mísseis balísticos intercontinentais pesados, chamados Sarmat, que superam o alcance e o número de ogivas de seu antecessor.

"Ninguém no mundo tem algo igual por enquanto. É algo fantástico", disse Putin em seu discurso, que foi acompanhado por vídeos projetados em uma tela com gráficos da trajetória do míssil sobrevoando o território americano e imagens de testes desses foguetes.

Perigo de escalada

Especialistas ouvidos pela imprensa internacional foram unânimes em dizer que o discurso de março marcava o começo de uma escalada na corrida armamentista, mas eles têm dúvidas se os mísseis já existem. "Essa tecnologia marca uma nova guerra fria e pode alterar o equilíbrio de poder no mundo, mas não está claro se Putin está dizendo que há um item no orçamento dizendo: 'desenvolver propulsão nuclear para um míssil', ou se é 'temos um pronto e podemos usar em breve'", escreveu em seu perfil no Facebook Douglas Barrie, analista do International Institute for Strategic Studies, em Londres.

A menos de 20 dias para as eleições presidenciais na Rússia, é provável que Putin esteja usando o discurso patriótico para instigar o nacionalismo bélico russo e levar mais eleitores às urnas. "Ele está dando às pessoas a imagem de um futuro desejado, e isso é atraente para sua audiência doméstica", disse ao New York Times Aleksei Makarkin, vice-diretor do Center for Political Technologies, centro de estudos de Moscou. "O discurso de Putin é sob medida para mostrar que ele continua sendo a melhor alternativa para melhorar a economia e, ao mesmo tempo, transformar a Rússia em uma fortaleza sitiada." (Com agências)

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