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Rússia e EUA se reúnem para discutir saída de tratado nuclear

No final de semana, Trump anunciou que os EUA deixariam o tratado sobre as armas nucleares de médio alcance criado durante a Guerra Fria com a Rússia

EUA-Rússia: o assessor da Casa Branca para a Segurança Nacional, John Bolton, e chanceler russo, Serguei Lavrov, vão se reunir em Moscou (Valery Sharifulin/Getty Images)

EUA-Rússia: o assessor da Casa Branca para a Segurança Nacional, John Bolton, e chanceler russo, Serguei Lavrov, vão se reunir em Moscou (Valery Sharifulin/Getty Images)

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AFP

Publicado em 22 de outubro de 2018 às 11h53.

Dois dias após o anúncio americano de saída de um importante tratado sobre as armas nucleares, o assessor da Casa Branca para a Segurança Nacional, John Bolton, reúne-se nesta segunda-feira, em Moscou, com o chanceler russo, Serguei Lavrov, que espera explicações.

Esta visita, anunciada antes que Donald Trump divulgasse sua decisão de tirar os Estados Unidos do tratado sobre as armas nucleares de médio alcance (INF, Intermediate Nuclear Forces Treaty) concluído com a Rússia durante a Guerra Fria, já era importante, por se tratar do primeiro deslocamento de uma autoridade americana a Moscou em vários meses.

Mas o anúncio do presidente americano no sábado deu outra magnitude à viagem.

John Bolton, considerado um "falcão" do governo Trump, deve encontrar Lavrov no final da tarde. As autoridades russas esperam que o americano explique a posição de Washington sobre o tratado INF.

Bolton também deve se encontrar com o presidente russo Vladimir Putin, mas este encontro não acontecerá nesta segunda, de acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Ele ressaltou hoje que uma saída americana do INF "tornaria o mundo mais perigoso", dizendo que espera "explicações" da parte de Washington e rejeitando as acusações americanas de que Moscou violaria o tratado.

"A intenção de deixar este tratado provoca graves preocupações", acrescentou Peskov, ressaltando ainda que a Rússia "jamais atacará alguém primeiro".

 

 

Por sua vez, em coletiva de imprensa, Lavrov disse "esperar um esclarecimento da posição oficial americana". "Se John Bolton estiver pronto para isso, então avaliaremos a situação".

O assessor americano é conhecido por suas posições firmes em matéria de política externa. Ele fazia parte daqueles que cobravam uma saída do acordo iraniano assinado em 2015 por vários países.Nomeado em março de 2018, Bolton jamais escondeu sua convicção de que Washington deveria atacar militarmente a Coreia do Norte, ao invés de negociar com o regime, e ainda defende a adoção de sanções mais amplas contra a Rússia, acusada de tentar perturbar o processo democrático americano.

O conselheiro de Donald Trump começou sua visita a Moscou com um encontro com Nikolaï Patrushev, chefe do Conselho russo de Segurança Nacional.

"Passo muito perigoso"

Segundo o jornal britânico The Guardian, foi John Bolton que pressionou o presidente americano para a saída do INF. Ele também estaria bloqueando as negociações para uma ampliação do tratado New Start sobre os mísseis estratégicos, que expira em 2021.

O tratado INF foi assinado em 1987, ao final da Guerra Fria, pelo último líder da União Soviética, Mikhaïl Gorbatchev, e o presidente americano da época, Ronald Reagan.

Para Donald Trump, Moscou viola há anos este tratado. Washington reclama principalmente da mobilização do sistema de mísseis 9M729, cujo alcance, segundo Washington, supera 500 km, violando assim o texto do INF.

Domingo, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, chamou a decisão americana de "passo perigoso" que, segundo ele, "não será compreendido pela comunidade internacional e vai atrair sérias condenações".

Mikhaïl Gorbatchev denunciou uma "falta de sabedoria" do presidente Trump e pediu "a todos que defendem um mundo sem armas nucleares" que convençam Washington a não avançar com o anunciado e "preservar a vida na Terra".

A Alemanha lamentou a saída dos Estados Unidos do tratado, que chamou de "importante componente do controle de armamento". "As consequências da decisão americana serão discutidas entre os membros da Otan", disse o porta-voz do governo, Ulrike Demmer.

O tratado, que suprime o uso de toda uma série de mísseis com alcance entre 500 e 5.000 km, encerrou uma crise iniciada nos anos 1980 pela instalação dos SS-20 soviéticos com ogivas nucleares, que apontavam para capitais ocidentais.

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