Membros do Conselho de Segurança da ONU em reunião de emergência após ataques em larga escala da Rússia na Ucrânia, na sede da organização em Nova York, em 9 de julho de 2024 (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 9 de julho de 2024 às 17h31.
A Rússia foi alvo de duras críticas nesta terça-feira, 9, durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança sobre seu ataque em larga escala contra a Ucrânia na segunda-feira que atingiu hospitais, o que foi classificado como "crime de guerra" por uma alta funcionária da ONU.
"Direcionar intencionalmente ataques contra um hospital protegido é um crime de guerra e os perpetradores devem ser responsabilizados", afirmou Joyce Msuya, subsecretária interina das Nações Unidas para assuntos humanitários.
O Conselho, cuja presidência rotativa é justamente exercida pela Rússia, realiza a reunião a pedido do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que confirmou pelo menos 38 mortos, incluindo quatro crianças, e 190 feridos durante os ataques com 40 mísseis que tiveram como alvo vários vilarejos e cidades ucranianas.
"Esses incidentes são parte de um padrão preocupante de ataques sistemáticos contra centros de saúde e outras infraestruturas civis na Ucrânia", acrescentou Msuya.
O embaixador ucraniano na ONU, Sergiy Kyslytsya, acusou a Rússia de "atacar deliberadamente aqueles que talvez constituem a população mais vulnerável em toda a sociedade", exibindo o que, segundo ele, são provas de um míssil de cruzeiro russo usado contra o hospital infantil de Okhmatdyt.
O prefeito da capital da Ucrânia decretou um dia de luto na cidade, onde as bandeiras estavam hasteadas a meio mastro e os eventos de entretenimento foram adiados.
A Rússia garante que o ataque foi provocado pelos sistemas de defesa aérea ucranianos e, nesta terça-feira, reiterou que as forças russas só atacam infraestruturas militares.
"Se fosse um ataque russo, não teria sobrado nada do edifício e todos os menores e a maioria dos adultos teriam morrido, não teriam ficado feridos", disse o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, denunciando uma "campanha de propaganda de Kiev".
A ONU considerou "altamente provável" que o hospital fora atingido pelo "impacto direto" de um míssil russo.
"O ataque de ontem mostra muito claramente que [o presidente russo Vladimir Putin não está interessado na paz. Ele quer semear morte e destruição para seguir com sua guerra de agressão", disse a embaixadora americana Linda Thomas-Greenfield.
Seu colega francês, Nicolas de Rivière, "condenou as violações flagrantes do direito internacional", que se somam à "lista de crimes de guerra pelos quais a Rússia terá que responder". Já a representante britânica Barbara Woodward classificou os ataques russos de "covardia".
A China, por sua vez, reiterou seu chamado para a realização de negociações para pôr fim ao conflito, que começou com a invasão russa em fevereiro de 2022.
O representante chinês, Fu Cong, pediu aos dois países que demonstrassem "vontade política para dar um passo adiante e realizar conversas de paz o mais breve possível".
O Conselho de Segurança se reúne ao mesmo tempo em que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) inicia em Washington uma cúpula pelos 75 anos da aliança. Os Estados Unidos, aliados da Ucrânia, preveem anunciar um reforço nas defesas antiaéreas ucranianas diante dos ataques russos.
Zelensky antecipou nesta terça, ao chegar a Washington para a cúpula da Otan, que pedirá aos aliados mais sistemas de defesa aérea, aviões de combate e garantias de segurança adicionais diante dos ataques russos, que destruíram metade da capacidade de geração de energia do país.
"Estamos fazendo e sempre faremos tudo o que for possível para que o terrorista seja derrotado", afirmou.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, já havia condenado ontem os ataques russos, classificando-os de "particularmente chocantes".