Secretário dos EUA: O secretário de Estado americano, Antony Blinken, diz que a resolução envia "um sinal forte" (Omar Havana /Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 22 de março de 2024 às 10h55.
Última atualização em 22 de março de 2024 às 10h56.
Os Estados Unidos, que repetidamente bloquearam pedidos de trégua na Faixa de Gaza, submeteram um projeto de "cessar-fogo imediato" na Faixa de Gaza nesta sexta-feira. A Rússia, por sua vez, pressiona por demandas ainda mais explícitas pela paz.
Durante a sessão, o representante russo afirmou que a proposta americana não tem uma determinação clara sobre o cessar-fogo imediato ou a libertação dos reféns, e que "isso significa que a representante dos Estados Unidos na ONU ou o Secretário de Estado dos EUA deliberadamente enganaram a comunidade internacional".
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, diz que a resolução envia "um sinal forte". Entenda, abaixo, o que diz a resolução.
A redação de abertura sobre um cessar-fogo imediato é complexa, até mesmo confusa. Ela observa a necessidade de "um cessar-fogo imediato e sustentado para proteger civis de todos os lados, permitir a entrega de assistência humanitária essencial e aliviar o sofrimento humanitário".
Dessa forma, apoia "esforços diplomáticos para garantir tal cessar-fogo em conexão com a libertação de todos os reféns restantes". Os críticos da América, incluindo a Rússia, observam que o texto não usa explicitamente a palavra "pedir" em termos de um cessar-fogo. Ele também sugere que o cessar-fogo é condicional à libertação de todos os reféns. Como tal, o texto representa uma mudança importante de tom para os EUA, ao invés de uma substancial.
O embaixador adjunto russo na ONU, Dmitry Polyanskiy, disse aos repórteres na quinta-feira: "Não estamos satisfeitos com nada que não exija um cessar-fogo imediato", o que sugere que Moscou poderia usar seu veto. Um projeto de resolução concorrente também está circulando, que é mais explícito sobre um cessar-fogo imediato, mas este não será submetido a votação na quinta-feira. Os EUA afirmam que seu projeto tem o apoio de pelo menos nove dos 15 membros do Conselho de Segurança, o suficiente para a votação ser aprovada, desde que nenhum veto seja usado por um dos cinco membros do Conselho de Segurança.
Diplomaticamente, os EUA poderiam se beneficiar ao mostrar algum liderança positiva na ONU e demonstrar que não estão tão isolados quanto pareceram em seu apoio a Israel. A maior parte da parte operacional do texto é direcionada a Israel sem ser explícita em suas críticas. Ele reitera os apelos para que a ajuda flua, incluindo a abertura de mais passagens terrestres e menos restrições aos bens permitidos a entrar em Gaza. Ele se opõe ao deslocamento forçado de palestinos e às zonas de buffer. Também seria a primeira vez que a ONU condenaria coletivamente o Hamas, pedindo restrições em suas finanças.
A resolução é silenciosa sobre três questões controversas. Em uma cláusula dirigida a Israel, ela insta todas as partes a cooperarem com as investigações sobre a neutralidade da agência de ajuda da ONU Unrwa, mas não exige o reembolso da agência neste estágio. O futuro governo de Gaza é em grande parte intocado, exceto para dar um papel claro ao coordenador especial da ONU. Não diz se o direito internacional humanitário está sendo violado.
O embaixador da França na ONU, Nicolas de Rivière, disse que se o texto dos EUA for rejeitado, então o projeto alternativo defendido pelos membros não permanentes do conselho de segurança, que pede um cessar-fogo imediato no Ramadã, "será colocado na mesa e submetido a votação". Ele disse: "Precisamos de um cessar-fogo e depois de conversas".