Mundo

Rússia e China criticam relatório sobre tráfico de pessoas

Os dois países definiram como "arbitrário" relatório americano que os acusa de se esforçarem pouco contra o tráfico de pessoas

Gráfico do tráfico de pessoas no mundo: recentemente China e Rússia apresentaram outros pontos em comum contra Washington, como apoio ao presidente sírio Bashar al-Assad (Hkg/Sr/AFP)

Gráfico do tráfico de pessoas no mundo: recentemente China e Rússia apresentaram outros pontos em comum contra Washington, como apoio ao presidente sírio Bashar al-Assad (Hkg/Sr/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2013 às 14h44.

Pequim - A Rússia manifestou sua indignação, nesta quinta-feira, e a China qualificou como "arbitrário" um relatório americano que acusa os dois países de não fazerem o suficiente na luta contra o tráfico de pessoas.

No documento publicado na quarta-feira pelo Departamento de Estado, os americanos acusam as duas potências, assim como o Uzbequistão, de se esforçarem pouco para combater o tráfico de pessoas.

Pode ser que Washington, que quer erradicar o "mal" que representa a escravidão moderna, use este relatório como justificativa para decidir unilateralmente punir Rússia e China, que estão na sua mira quando se trata de direitos humanos.

"No que diz respeito à possibilidade de promover sanções unilaterais contra a Rússia, o simples fato de levantar esta questão provoca indignação", declarou o Ministério de Relações Exteriores em um comunicado.

O relatório denuncia, por exemplo, casos de "falta de pagamento de salários, de agressões físicas e de condições de vida extremamente ruins" na Rússia.

"Infelizmente, em vez de fazer um estudo profundo e objetivo sobre o tráfico de pessoas, incluindo o território dos Estados Unidos, os autores do relatório utilizam novamente uma metodologia inaceitável, segundo a qual os governos são classificados em função da simpatia ou da antipatia política do Departamento de Estado americano", acrescentou a Rússia no comunicado.


Nesta quinta-feira, Pequim optou por uma atitude defensiva semelhante à da Rússia e pediu que os Estados Unidos parem "de emitir juízos unilaterais e arbitrários" contra os chineses.

"Acreditamos que os americanos deveriam adotar uma visão objetiva e imparcial sobre os esforços da China (para acabar com o tráfico de pessoas) e parar de emitir juízos unilaterais e arbitrários", disse a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.

No caso de Pequim, muito criticado por Washington na questão dos direitos humanos, o documento descreve que "o tráfico de pessoas é abundante entre a população migrante interna" e destaca que "o trabalho forçado continua sendo um problema, incluindo os fornos de tijolos, as minas de carvão e as fábricas".

Hua preferiu insistir nos "sólidos esforços" realizados pela China na luta contra o tráfico de pessoas e nos "progressos de destaque" que o país teria conquistado na área.

"Temos melhorado continuamente nossa legislação, reforçado a manutenção da lei e das medidas judiciais e cooperado com todos os países, em particular com os vizinhos da China", afirmou a representante do governo.

O Departamento de Estado americano também denuncia a política do filho único, que conduz a uma proporção de "118 meninos para 100 meninas" na China, o que aumentaria a demanda do tráfico de mulheres estrangeiras que se casam com homens chineses e a prostituição.

Os Estados Unidos estimam que haja 27 milhões de pessoas submetidas à escravidão no mundo. "O tráfico de pessoas é um atentado a nossos valores de liberdade e dignidade humana", declarou o secretário de Estado, John Kerry.

Unidos por interesses estratégicos contra os países ocidentais, recentemente a China e a Rússia apresentaram outros pontos em comum contra Washington, como o apoio ao regime do presidente sírio, Bashar al-Assad.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaDireitos civisEstados Unidos (EUA)EuropaPaíses ricosRússia

Mais de Mundo

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde