Bandeira russa em frente a prédio administrativo na região da Crimeia: população na península pró-russa da Criméia questiona a legitimidade das novas autoridades ucranianas (Stringer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de fevereiro de 2014 às 10h15.
Moscou - A Rússia descartou nesta quarta-feira a possibilidade de interferir nos assuntos internos da Ucrânia, onde a população na península pró-russa da Criméia questiona a legitimidade das novas autoridades em Kiev.
"A Rússia declarou e insiste em sua postura sobre que não temos direito e não podemos nos intrometer nos assuntos internos de um Estado soberano", disse a presidente do Senado russo, Valentina Matvienko.
Suas declarações praticamente coincidiram com as acusações de três ex-presidentes da Ucrânia, Leonid Kravchuk, Leonid Kuchma e Viktor Yushchenko, que denunciaram a intervenção da Rússia nos assuntos internos ucranianos, em particular na Criméia.
"A Rússia, que todo o tempo tacha de "ingerência" nos assuntos internos da Ucrânia os esforços de nossos parceiros internacionais por normalizar a situação por meios pacíficos, recorre agora à intervenção direta na vida política na Criméia", afirmaram os ex-presidentes em uma declaração conjunta.
Segundo eles, as "ideias" dos representantes da Duma (Câmara dos Deputados da Rússia) em torno da convocação de um referendo sobre a unificação da Criméia à Rússia "devem ser consideradas como chamadas a destruição da ordem constitucional e da integridade territorial da Ucrânia"
Valentina, por sua vez, chamou de "inoportuna" a iniciativa proposta recentemente pelo ultranacionalista Partido Liberal Democrático da Rússia, que queria facilitar a concessão de cidadania russa para os russos que vivem na Ucrânia.
"Essa lei agora é inoportuna, não devemos dar a ninguém argumentos para (alimentar) tendências separatistas", apontou.
No entanto, "em um futuro, pensaremos nisso sem dúvida. Não podemos ignorar o destino dos cidadãos russoparlantes da Ucrânia, que só na Criméia são 60%" da população, completou a presidente do Senado russo.
Alguns analistas alertam sobre a possibilidade das regiões orientais pró-russia proclamarem desobediência às novas autoridades e iniciarem um processo separatista após a destituição de Viktor Yanukovich como presidente.
Valentina reiterou a postura do Kremlin de que Yanukovich, ainda em paradeiro desconhecido, é o legítimo chefe de Estado.
"Quando todos os procedimentos legítimos da destituição do presidente forem cumpridos, ele deixará de ser presidente legítimo", completou a presidente do Senado russo, Valentina Matvienko.