Serguei Lavrov, chanceler russo: ministério das Relações Exteriores se referiu a uma "pressão imperdoável, incluindo a chantagem política e ameaças econômicas" (Farouk Batiche/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2014 às 10h20.
Moscou - Moscou denunciou nesta quinta-feira que o Ocidente chantageou e forçou vários países a apoiarem a resolução aprovada ontem pela Assembleia geral da ONU sobre a integridade territorial da Ucrânia e a invalidade da incorporação da Crimeia à Rússia.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia se referiu a uma "pressão imperdoável, incluindo a chantagem política e ameaças econômicas, exercido sobre um grupo nutrido de países para que votassem a favor" da resolução.
A Chancelaria, em comunicado publicado em seu site, lamentou "a perseverança, merecedora de um uso melhor, com que Kiev e seus "advogados" estrangeiros tentam distorcer os alarmantes processos que ocorrem na Ucrânia".
"Foi usado à exaustão o que restou da máquina de propaganda da Guerra Fria para tirar importância da crise política mais profunda na Ucrânia e jogar a culpa pelo aumento da tensão na Federação da Rússia", diz o comunicado.
O embaixador russo perante a ONU, Vitali Churkin, assegurou ao "Canal Um" da televisão russa que "muitos países se queixaram de haver sofrido uma pressão colossal por parte de países do Ocidente para apoiar a resolução".
"Pelo visto, a tática de pressão que nossos colegas ocidentais utilizam teve certo êxito, já que alguns países votaram sim, embora tenham feito das tripas coração", criticou Churkin.
A Assembleia geral da ONU aprovou ontem uma resolução que apoia a integridade territorial da Ucrânia, assinala que o referendo da Crimeia "não é válido" e pede que se resolva pacificamente a crise criada por sua anexação à Rússia.
Em um texto não vinculativo aprovado por 100 votos a favor, 11 contra e 58 abstenções, a Assembleia ressaltou que a consulta popular de 16 de março na península da Crimeia "não tem validade" porque "não foi autorizada" pelo governo de Kiev.
Votaram contra países como a Nicarágua, que também condenou as sanções econômicas contra a Rússia impostas pelos EUA e a UE, e Cuba, que criticou "o dois pesos e duas medidas e a hipocrisia" da posição da Otan neste conflito.
A favor da resolução aprovada se pronunciaram diversos países da América Latina, como o Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Panamá e Peru.
Junto à Rússia, votaram contra a Armênia, Belarus, Bolívia, Coreia do Norte, Cuba, Nicarágua, Sudão, Síria, Venezuela e Zimbábue, enquanto China, Índia e outros latino-americanos como Brasil, Argentina, Equador e Uruguai se abstiveram.