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Rússia controla 22% das terras agrícolas da Ucrânia, segundo a Nasa

Dados de satélites analisados por cientistas da agência espacial mostraram 28% das terras responsáveis para produção na safra de inverno

Militares russos patrulham a parte destruída da Ilyich Iron and Steel Works na cidade portuária de Mariupol, na Ucrânia, em 18 de maio de 2022, em meio à ação militar russa em andamento na Ucrânia. (Olga MALTSEVA/AFP)

Militares russos patrulham a parte destruída da Ilyich Iron and Steel Works na cidade portuária de Mariupol, na Ucrânia, em 18 de maio de 2022, em meio à ação militar russa em andamento na Ucrânia. (Olga MALTSEVA/AFP)

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AFP

Publicado em 7 de julho de 2022 às 13h29.

Última atualização em 7 de julho de 2022 às 17h58.

As forças russas ocuparam cerca de 22% das terras agrícolas da Ucrânia desde a invasão no dia 24 de fevereiro, afetando um dos principais provedores de grãos e óleos comestíveis no mercado mundial, disse a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) nesta quinta-feira (7).

Os dados de satélites analisados por cientistas da agência espacial dos Estados Unidos mostram que a ocupação do leste e sul da Ucrânia dá a Rússia o controle das terras responsáveis por 28% da produção na safra de inverno. Os principais alimentos dessa época são trigo, colza, cevada e centeio, já na safra de verão, a área produz 18% do cultivo, especialmente milho e girassol.

Leia também: Medo de bombardeios separa famílias na cidade ucraniana de Sloviansk

A interrupção da colheita e plantio, a falta de mão de obra e os bombardeios nos campos podem ter um forte impacto no suprimento mundial de alimentos, disseram os cientistas da Nasa.

"O celeiro do planeta está em guerra", comentou Inbal Becker-Reshef, diretor do programa Harvest da agência espacial, que utiliza dados de satélites dos Estados Unidos e Europa para estudar a produção global de alimentos.

De acordo com estatísticas americanas, a Ucrânia fornecia antes da guerra 46% do óleo de girassol comercializado no mundo, 9% do trigo, 17% da cevada e 12% do milho.

A invasão russa bloqueou as exportações de alimentos de Odessa, o principal porto do Mar Negro, e destruiu a infraestrutura de armazenamento e transporte em algumas áreas.

"Estamos nas etapas iniciais de uma crise alimentar progressiva, que provavelmente afetará todos os países e pessoas da terra de alguma maneira", acrescentou Becker-Reshef.

Bombas russas atingem leste da Ucrânia em meio à ofensiva no Donbass

As forças russas bombardearam várias cidades na bacia do Donbass nesta quinta-feira(7), incluindo a cidade de Kramatorsk, em um avanço para concluir a conquista do leste da Ucrânia. 

Em Kramatorsk, capital da província de Donetsk (que junto com Luhansk formam o Donbass), uma explosão deixou uma grande cratera em um pátio localizado entre um hotel e edifícios residenciais, segundo jornalistas da AFP.

"Um bombardeio contra a parte central de Kramatorsk deixou vítimas", anunciou no Facebook o prefeito desta cidade, Oleksandr Goncharenko, pedindo à população que permaneça nos abrigos antiaéreos.

"O perigo ainda não acabou", afirmou.

As forças russas agora querem tomar Donetsk, ocupando, assim, toda bacia mineira do Donbass, já parcialmente nas mãos de separatistas pró-russos desde 2014.

O governador de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, disse que artilharia e foguetes mataram pelo menos sete civis em várias cidades da região na quarta-feira.

A cidade de Sloviansk é considerada o próximo alvo das tropas russas em seu plano de conquistar o Donbass, após quatro meses e meio de conflito.

"O inimigo pretende lançar ataques na direção de Sloviansk", bombardeando cidades vizinhas, disseram os militares ucranianos nesta quinta-feira.

Evacuações em Sloviansk

Na terça-feira, mísseis russos atingiram e destruíram parte de um mercado no centro de Sloviansk, matando duas pessoas.

O prefeito da cidade, Vadim Liakh, informou na quarta-feira que a evacuação da cidade estava em andamento. "Nós tiramos as pessoas todos os dias", disse ele.

Perto de uma igreja protestante, civis embarcavam em vários veículos. "Enviei minha esposa e não tenho escolha, vou me alistar no exército amanhã", disse Vitaly, 30 anos. Sua esposa Svitlana seguiu para Dnipro (centro) em um ônibus com cerca de 150 mulheres e crianças.

Na quarta-feira ainda havia cerca de 23.000 pessoas na cidade, das 110.000 que viviam lá antes da guerra, disse Liakh, especificando que desde o início do conflito houve 17 mortos e 67 feridos.

"A cidade está bem fortificada", garantiu o prefeito.

"Temos porões, vamos nos esconder lá", disse Galyna Vasylivna, de 72 anos. "O que vamos fazer? Não temos para onde ir", lamentou a idosa.

Momentos mais difíceis

Agentes inspecionam terreno após bombardeio em Kramatorsk, Ucrânia, em 7 de julho de 2022

Em nível diplomático, a renúncia do primeiro-ministro britânico Boris Johnson da liderança do Partido Conservador, o último passo antes de sua saída do poder, abalou o cenário internacional. 

Johnson é um dos líderes ocidentais que mais ajudou a Ucrânia diante da invasão russa, e a Presidência ucraniana agradeceu por seu apoio nos "momentos mais difíceis".

Já o Kremlin expressou seu desejo de que "pessoas mais profissionais" cheguem ao poder no Reino Unido.

Esta renúncia ocorre às vésperas de uma reunião na Indonésia entre o G20 e potências industrializadas e emergentes, na qual participarão a Rússia e os aliados ocidentais da Ucrânia.

Essa reunião provavelmente verá "um confronto bastante difícil", disse uma fonte diplomática francesa.

A tensão também aumentou entre a Ucrânia e a Turquia depois que um navio russo de grãos partiu da costa turca.

A Ucrânia, que acusa Moscou de roubar suas colheitas de trigo, garante que o "Zhibek Zholy", que partiu quinta-feira passada do porto ucraniano de Berdyansk -sob controle russo-, transportava 7.000 toneladas de grãos obtidos ilegalmente.

Após ficar quase uma semana imobilizada na Turquia, a pedido das autoridades ucranianas, a embarcação seguiu para a Rússia nesta quinta-feira.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, mantém um relacionamento próximo, mas turbulento, com a Rússia, mas também fornece drones de combate à Ucrânia.

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