Agência de notícias
Publicado em 10 de outubro de 2024 às 11h42.
Última atualização em 10 de outubro de 2024 às 11h44.
O Kremlin confirmou nesta quinta-feira , 10, que os Estados Unidos enviaram testes de Covid-19 à Rússia sob a presidência de Donald Trump, Apesar da escassez no país durante a pandemia, mas assegurou que se tratou de uma cooperação internacional para combater a doença. A informação vem após Bob Woodward, lenda do jornalismo americano, revelar em um novo livro que o republicano enviou secretamente lotes de testes de Covid-19 ao presidente russo, Vladimir Putin.
"Era o início da pandemia, [...] os primeiros testes não funcionavam bem e no início havia uma escassez de material. Naquele momento, todos os países tentavam fazer trocas", declarou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, durante uma entrevista por telefone com jornalistas, e acrescentou, em resposta às afirmações do livro de Woodward. "Nós enviamos um lote de respiradores artificiais [aos EUA] e os americanos nos enviaram esses testes".
Peskov, contudo, voltou a desmentir outra afirmação do jornalista, que assegura que Trump falou com Putin em segredo por até sete vezes desde que deixou a Casa Branca em 2021.
"Quanto aos telefonemas, não é certo, não aconteceu", insistiu o porta-voz da Presidência russa.
Cronista da Casa Branca há meio século com o The Washington Post, Bob Woodward revelou, ao lado de Carl Bernstein, o escândalo do Watergate que levou à renúncia de Richard Nixon em 1974. Em seu novo livro "War" ("Guerra", em tradução literal), que sairá às vendas em 15 de outubro, escreve que o agora candidato à presidência Donald Trump manteve sua relação com Putin apesar da ofensiva russa na Ucrânia.
Segundo o relato da imprensa americana que teve acesso ao livro, Putin recebeu os testes de Covid e teria pedido a Trump que não dissesse nada. "Não quero que diga a ninguém, porque as pessoas irão ficar chateadas com você, não comigo", teria dito o presidente russo a Trump.
Putin e Trump nutrem uma relação complexa. O magnata, que já expressou sua admiração pelo presidente russo, é mais suscetível a reduzir a ajuda militar e financeira à Ucrânia. A inteligência americana concluiu que houve interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 e 2020 a favor de Trump, o que o republicano nega categoricamente, assim como a diplomacia russa.