Duma, a Câmara dos Deputados russa: país pede o fim imediato das operações militares (Alex Rave/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2011 às 08h37.
Moscou - A Rússia condenou nesta quarta-feira tanto as ações do presidente da Líbia, Muammar Kadafi, contra seu povo, como o uso da força militar nesse país por parte da coalizão internacional.
"As ações do regime de Kadafi são inaceitáveis porque foram responsáveis por um grande número de vítimas e precisamente isso é o que diferencia a situação aqui da de outras regiões", declarou o chefe da comissão de Relações Exteriores da Duma (Câmara dos Deputados), Konstantín Kosachov, citado pela agência "Interfax".
Neste sentido, lembrou que em outros países, ao contrário da Líbia, "as autoridades renunciaram ou abriram o diálogo com a oposição".
Especificou, no entanto, que para a Rússia "é inaceitável também a atuação da coalizão, que correspondeu a resolução do Conselho de Segurança da ONU".
"A abstenção (de Moscou na votação) foi a única escolha possível e adequada nessa situação, já que o veto teria sido sinônimo de aprovação das operações de Kadafi e o apoio à resolução e assumir a responsabilidade das ações da coalizão aliada na Líbia", explicou.
Assinalou que o projeto de declaração que hoje se submeterá a votação na Duma expressa o "convencimento profundo de que só o povo líbio pode determinar o futuro de seu país e que uma intervenção do exterior só pode ser realizada no aspecto humanitário".
No texto "a Duma expressa sua preocupação pelas dimensões e a forma no qual usa a força militar contra a Líbia e pede aos Parlamentos da França, Reino Unido, Estados Unidos, Itália, Canadá e os outros Estados que realizam a operação militar a cooperar no fim imediato das ações militares".
O documento ressalta que esta operação internacional causou "danos em infraestruturas civis da Líbia e, o mais importante, registrou novas vítimas entre a população civil".
A Duma "adere às exigências do Conselho de Segurança da ONU de um imediato estabelecimento do cessar-fogo e o fim absoluto da violência e de todos os ataques contra a população civil", acrescenta.
Ao mesmo tempo, "pede às autoridades da Líbia, assim como aos Estados participantes da coalizão a observar rigorosamente suas ações da correspondente resolução".
O texto acrescenta que "o uso indiscriminado da força militar contra a Líbia pode adiar as perspectivas de normalização da situação nesse Estado, arriscar a vida da população civil e forçar as tentativas de uma série de Estados de desenvolver programas de fabricação de armas de destruição em massa".