Palmira, Síria: a Rússia opera uma base aérea em Hmeymim e uma instalação naval em Tartous (Sana / Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2016 às 10h45.
Moscou - Quando o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou a retirada da maior parte do contingente militar russo da Síria havia a expectativa de que o Yauza, um navio quebra-gelo da Marinha russa e uma das principais embarcações de suprimento da missão, voltaria para casa em seu porto no oceano Ártico.
Em vez disso, três dias depois da declaração de Putin de 14 de março, o Yauza, parte do "Expresso Sírio", o apelido dado aos navios que mantiveram as forças russas supridas, saiu do porto russo de Novorossiysk, no mar Negro, rumo a Tartous, a instalação naval da Rússia na Síria.
O que quer que estivesse levando era pesado. O navio estava tão baixo na água que sua linha de carga mal era visível.
Seus movimentos e aqueles de outras embarcações russas nas duas semanas transcorridas desde o anúncio de Putin de uma retirada parcial levam a crer que Moscou na verdade enviou mais equipamentos e suprimentos à Síria do que mandou de volta no mesmo período, segundo uma análise da Reuters.
Não se sabe o que os navios transportavam nem quanto equipamento foi embarcado nos gigantescos aviões de carga que acompanharam os aviões de guerra que voltaram para a Rússia.
Mas sua movimentação –embora somente um retrato parcial– dá a entender que a Rússia está trabalhando intensamente para manter sua infraestrutura militar na Síria e abastecer o Exército sírio para que este possa intensificar suas ações rapidamente em caso de necessidade.
Putin não detalhou o que levaria a tal medida, mas qualquer insinuação de ameaça às bases russas em território sírio ou qualquer sinal de que o presidente sírio, Bashar al-Assad, aliado mais próximo de Moscou no Oriente Médio, esteja em perigo provavelmente desencadearia um retorno russo vigoroso.
A Rússia opera uma base aérea em Hmeymim e uma instalação naval em Tartous. Putin já disse que seu país irá manter ambas e que elas precisarão ser protegidas.
"Já que o principal porto da força de fato continuou ali, não há razão para reduzir o tráfego", afirmou Mikhail Barabanov, pesquisador sênior do instituto militar Cast, sediado em Moscou. "Os suprimentos para o Exército sírio também continuam significativos".
A Reuters calculou que cerca de metade da Força Aérea russa baseada na Síria deixou o país nos dias seguintes à revelação pública da retirada parcial.