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Rússia apresenta plano para solucionar crise na Ucrânia

Vladimir Putin apresentou um plano de 7 pontos para a crise na Ucrânia, que inclui o fim de ofensivas e troca de prisioneiros

O presidente russo, Vladimir Putin: "eu esbocei algumas ideias, um plano de ação" (Byambasuren Byamba-Ochir/AFP)

O presidente russo, Vladimir Putin: "eu esbocei algumas ideias, um plano de ação" (Byambasuren Byamba-Ochir/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2014 às 13h04.

Moscou - O presidente russo Vladimir Putin apresentou nesta quarta-feira um plano para a crise na Ucrânia, após Kiev anunciar um cessar-fogo permanente com Moscou no leste separatista, o que foi recebido com prudência por Barack Obama.

O plano de sete pontos do presidente russo prevê o fim das ofensivas entre o exército ucraniano e os rebeldes pró-russos e uma troca de prisioneiros.

"Eu esbocei algumas ideias, um plano de ação", afirmou Putin, em declarações transmitidas pelo canal de televisão Rossiya 24, durante uma visita à Mongólia.

Segundo ele, é preciso primeiro pôr fim às operações em Donetsk e Lugansk (leste ucraniano).

Pouco antes, o presidente russo havia considerado que seu ponto de vista sobre a crise era bem próximo ao do chefe de Estado ucraniano, Petro Poroshenko.

"Acredito que, em 5 de setembro, durante a reunião do grupo de contato, poderá ser alcançado e fixado um acordo definitivo entre as autoridades de Kiev e as do sudeste da Ucrânia", afirmou Putin, desta vez citado pela agência RIA-Novosti.

Por sua vez, os separatistas pró-russos da autoproclamada República de Donetsk se disseram prontos a parar com suas ações militares, se o exército ucraniano se retirar da região.

No mesmo momento, o presidente Obama pediu que a Otan envie uma mensagem inequívoca de apoio à Ucrânia antes da cúpula da Aliança militar em Gales.

Obama também afirmou que a Otan deve ser receptiva à entrada de novos membros na organização, em discurso pronunciado em Tallinn, capital da Estônia.

Segundo a presidência ucraniana, Petro Poroshenko conversou por telefone com Putin "sobre um cessar-fogo total" e que concordaram sobre uma trégua em Donbass, a bacia de mineração do leste da Ucrânia que inclui as regiões de Donetsk e Lugansk, cenários de combates entre o exército ucraniano e os separatistas pró-Rússia.

Alguns minutos mais tarde, a Rússia negou a versão e afirmou que apoia o acordo de cessar-fogo, mas que não negociou porque não é parte do conflito armado, iniciado em abril.

Reagindo a este anúncio de Kiev, Obama afirmou que "é muito cedo para dizer o que significa este cessar-fogo".

Oportunidade

"Se a Rússia estiver efetivamente pronta para encontrar um acordo político é algo que desejamos profundamente", declarou o presidente americano, acrescentando que "isto implica o respeito às normas internacionais. O que não temos visto na Ucrânia".

A União Europeia expressou a mesma prudência. "Se essas novidades (de cessar-fogo) se confirmarem, serão uma evolução positiva, mas precisamos de mais informações", afirmou a porta-voz da diplomacia da UE, Maja Kocijancic.

Neste contexto, o ministério polonês da Defesa anunciou nesta quarta-feira a realização de um exercício militar internacional com a participação de soldados de uma dezena de países, incluindo dos Estados Unidos, a ser realizado de 13 a 26 de setembro no oeste da Ucrânia.

As manobras "Rapid Trident 14", previstas há muito tempo, acontecerão principalmente em um terreno de exercícios perto de Lviv, segundo um comunicado do ministério polonês.

Em cooperação com unidades ucranianas, os exercícios reunirão, entre outros, soldados poloneses, romenos, moldavos, búlgaros, espanhóis, estonianos, britânicos, alemães, lituanos e noruegueses.

Desde o início do conflito no leste da Ucrânia, quase 2.600 pessoas morreram e meio milhão precisou deixar suas casas. Kiev e o Ocidente acusam Moscou de apoiar os separatistas, fornecendo armas e combatentes.

Plano de reação

Neste clima de tensão, a Aliança Atlântica planeja adotar durante sua cúpula, a ser realizada nos próximos dois dias no Reino Unido, um plano de reação (Readiness action plan, RAP), em resposta à atitude da Rússia na crise ucraniana, percebida como uma ameaça direta por alguns de seus membros (Países Bálticos, Polônia, Romênia, Bulgária).

A Otan, que estima que a Rússia mobilizou mais de 1.000 soldados em território ucraniano, planeja mobilizar em alguns dias milhares de soldados armados na fronteira russa, segundo seu secretário-geral, Anders Fogh Rasmussen.

Segundo o jornal New York Times, a Otan pretende adotar um plano de ação com uma força de 4.000 soldados. O grupo poderia ser mobilizado em dois dias ante qualquer movimentação militar russa no leste da Europa.

As acusações de uma intervenção militar russa direta na Ucrânia, negadas pela Rússia, aumentaram nos últimos dias, com os ocidentais considerando que tal ajuda teria permitido aos insurgentes pró-russos de retomar parte do território entre Donetsk e o Mar de Azov.

Devido à inação de Moscou para resolver o conflito, a UE ameaça adotar ainda durante a semana novas sanções contra a economia russa, à beira da recessão. Um boicote europeu à Copa do Mundo de futebol na Rússia, em 2018, também foi mencionado em um documento de trabalho sobre as sanções contra Moscou, segundo uma fonte europeia.

Segundo o Financial Times, o documento fala de "uma ação coordenada dentro do G7, além de recomendar a suspensão da participação da Rússia em grandes eventos, culturais, econômicos ou esportivos (corridas de Fórmula 1, competições de futebol da Uefa, Copa de 2018, etc)".

*Atualizada às 13h03 do dia 03/09/2014

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