'Nós confirmamos o apoio de Sergei Lavrov à necessidade de tréguas diárias de duas horas nos combates', afirmou porta-voz da delegação regional da Cruz Vermelha (Aris Messinis/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2012 às 21h50.
Moscou - A Rússia se comprometeu nesta segunda-feira a apoiar o pedido do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) de impor tréguas de duas horas diárias durante os combates na Síria para poder ajudar a população civil, anunciou a própria organização.
'Nós confirmamos o apoio de Sergei Lavrov (ministro de Relações Exteriores da Rússia) à necessidade de tréguas diárias de duas horas nos combates', afirmou Victoria Zotikova, porta-voz da delegação regional do CICV, à agência 'Interfax'.
A fonte fez esta afirmação após a reunião deste domingo entre o presidente da CICV, Jakob Kellenberger, e o chefe da diplomacia russa.
O objetivo dessas tréguas é que a CICV possa ajudar aos mais necessitados na Síria, especialmente as mulheres e crianças que se encontram isoladas nas cidades que há semanas sofrem com combates entre os rebeldes e as forças de segurança de Bashar al Assad.
'Continuamos apoiando todos os que precisam de ajuda nas cidades onde há distúrbios. Esperamos ver resultados concretos para nossas atividades na Síria nos próximos dias ou semanas', declarou Zotikova.
Já Kellenberger se manifestou satisfeito e agradecido pelo apoio mostrado por Lavrov, já que, segundo afirmou, 'o apoio da Rússia é muito importante' para a Cruz Vermelha, segundo a agência oficial 'Itar-Tass'.
Kellenberger, que viajará a Bruxelas para tratar este assunto com o secretário-geral da Otan, alertou durante a reunião com o ministro russo sobre 'a provável piora' da situação humanitária na Síria.
'Em algumas regiões as pessoas sofrem há vários meses, especialmente as mulheres e as crianças', afirma comunicado do CICV, que lembra que nas cidades palco de combates a situação é 'muito grave e poderia piorar até mais'.
Sobre isso, Kellenberger classificou nesta segunda-feira como 'inaceitável' a possibilidade de que a crise humanitária se propague a outras cidades sírias, caso a conflagração se estenda por outras regiões do país árabe.
Lavrov já tinha se manifestado a favor do acesso livre da ajuda humanitária ao país em conflito, um dos cinco pontos do plano para a Síria pactuado no início de março pela Rússia e pela Liga Árabe.
A iniciativa estipula também o fim da violência, a criação de um mecanismo neutro que supervisione o cessar-fogo, a não-intervenção estrangeira e o apoio à mediação do ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Até agora, Moscou rejeitou todas as resoluções propostas no Conselho de Segurança da ONU, que fazem referência a uma possível intervenção ocidental na Síria e pedem a renúncia de Assad.